Eliminar o pneu
Pelos jornais, soubemos o que se passou com o segundo secretário de uma embaixada estrangeira, em Portugal. Ele seguia, de noite, ao volante de um veículo com matrícula diplomática. Um dos pneus encontrava-se furado e a viatura circulava, ziguezagueando, até que foi mandado parar por agentes policiais. Não deteve a marcha do automóvel e continuou em frente.Os polícias moveram-lhe perseguição e conseguiram que ele imobilizasse o carro.Terá sido no momento em que lhe foram pedidos os documentos que as coisas azedaram. O diplomata insultou um polícia e deu-lhe um soco.Contactada a magistrada do Ministério Público de serviço, a mesma ordenou a imediata libertação do indivíduo.Trata-se de assegurar a imunidade diplomática dos agentes ao serviço de um país estrangeiro. É essencial garantir que eles se encontram em condições de perfeita liberdade, segurança e autonomia relativamente às entidades oficiais do país onde se encontram a residir.Evidentemente, poderá surgir algum caso de abuso da imunidade diplomática. Mas isso é matéria que abordarei na próxima semana.Conheço bem a comunidade diplomática de Lisboa. Não é habitual haver incidentes.Por agora, vou reportar-me a uma outra situação de um pneu rebentado.Uma jornalista da televisão tinha estado sozinha, a beber uns copos num pub irlandês.Depois, meteu-se ao volante do automóvel, rumo à sua casa de férias.Quando se encontrava perto do destino – já fora da auto-estrada -, foi avistada por uma patrulha policial.O carro dela circulava muito lentamente, aos zigue-zagues.Ao ser mandada parar, a condutora imobilizou o veículo prontamente.O pneu dianteiro do lado direito encontrava-se desfeito. Junto a essa roda, a viatura estava muito amolgada. Evidentemente, ocorrera um embate.A senhora disse não se recordar de nenhuma colisão e, antes de soprar no alcoolímetro, ainda descompôs os agentes da autoridade. No fim, os polícias acabaram por lhe mudar a roda, embora o veículo tivesse ficado estacionado no local. O grau de alcoolemia revelado não consentia que a condutora continuasse ao volante.No dia seguinte, a jornalista foi presente a julgamento.Pediu desculpa aos agentes policiais e eles retiraram a queixa. Depois, ela agradeceu-lhes o facto de eles terem substituído a roda.Mas a arguida não se livrou da condenação por conduzir em estado de embriaguez, com a inevitável apreensão da carta.* Juiz (hjfraguas@hotmail.com)
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