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Maturescente Serafim das Neves

Há duas coisas que irão continuar a ser um mistério para mim por muitos anos que viva. As mulheres e a política. Em relação às mulheres não preciso justificar a minha ignorância. Qualquer homem percebe do que estou a falar. E a maioria das mulheres também. Algumas até me têm dado mostras de grande solidariedade quando me vêem mais desanimado. Nessas alturas fazem-me festinhas na cabeça e dizem-me com voz doce: “Deixa lá, não te preocupes. Eu própria não me compreendo lá muito bem”. Já os políticos não me fazem festinhas na cabeça, nem eu deixava. Limitam-se a olhar para mim com ar de quem lamenta que eu seja um asno chapado se, por acaso, eu me interrogo, como vou fazer a seguir, sobre os seus absurdos comportamentos. Estou a escrever sobre este drama de todos os tempos sabendo que arrisco o coiro. Tremo só de pensar que este e-mail vai ser lido pelo presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores. Não sei se estou preparado para ser alvo de uma das suas missivas. Daquelas que ele dedica a quem se atreve confrontá-lo. Se para a CULT, CNEMA, Secretária de Estado Idália Moniz e Comissão de Protocolo ele foi macio, ao ponto de só lhes aplicar pastilhas de vinte e tal páginas cada, imagina o que o destino me poderá reservar. No mínimo um romance. Até já estou a imaginar o título: “A Fúria do Outro Mundo – Como arrasar o Manuel Serra d’Aire em trinta volumosos”.Coração ao largo!! Se eu já aguentei novecentas e setenta páginas seguidas de António Lobo Antunes sem perceber uma frase, não há-de ser uma giga-cartita do Moita Flores que me irá derrubar. Lá vai disto. Então o homem dizia que nunca mais se sentava numa reunião onde estivesse o administrador-executivo da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo, António Torres, e já quebrou a promessa? E foi à inauguração da Feira do Ribatejo depois de ter criticado o Cnema por não fazer as touradas na praça Celestino Graça? Pronto, já fiz a asneira. Calculo que não me valerá de nada ajoelhar de mãos postas e pedir para que o visado não me responda. Assim que acabar este e-mail vou envergar a minha capa de burel, apertar um nagalho ao pescoço e apresentar-se na sala de sessões da câmara para levar com os vinte volumes de um qualquer dicionário ilustrado na tola. Um presidente de câmara nunca deixa perguntas destas sem resposta. Muito menos o Moita Flores. Para tudo o que é feito há sempre uma boa explicação. E ele delicia-se a explicar tudo muito bem explicadinho. Seja aos vereadores da oposição – e que trabalheira que aquilo dá – seja aos munícipes, seja ao Manuel Serra d’Aire, coitado de mim. E quem diz um presidente de câmara diz um presidente de junta, um deputado, um secretário de Estado, um ministro. Os políticos são inexcedíveis nas explicações. Principalmente quando se trata de explicar o inexplicável. Principalmente quando ninguém quer saber das explicações para nada. Nessas alturas, então, encanzinam-se de todo. E que Deus nos ajude!!! Um abraço derreado do Manuel Serra d’Aire

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