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Crianças contactam com o mundo rural na “Pequena Companhia”

Quinta pedagógica reflecte importância da Companhia das Lezírias como uma das maiores e mais antigas empresas do sector agrícola nacional

Nas visitas as crianças e jovens aprendem o processo de produção de carne, arroz, azeite, hortaliças e frutas e contactam com um conjunto de animais no seu ambiente natural.

Um sol radioso dá os bons dias numa paisagem verdejante onde só se ouve o cantar dos passarinhos. Estamos na Quinta Pedagógica da Companhia das Lezírias, junto a Catapereiro, Samora Correia. A “Pequena Companhia” integra uma extensa charneca. Está perto do paraíso e longe da confusão da cidade. Lisboa fica a menos de meia hora, mas não há sinais de confusão. É Dia Mundial da Criança e para o João é um dia muito especial. “Cheira mal, cheira a cocó dos boizinhos”. A primeira impressão do rapaz de quatro anos não é a melhor. Vive em Lisboa e está habituado a outros odores e um ambiente diferente. Mas à medida que a visita avança, João, e os seus mais de 50 colegas da Creche “Os Pequenotes da Avó Zezinha”, rendem-se aos encantos da natureza.“Olha a papa dos bichinhos da seda”, explica Mariana apontando para uma amoreira. As perguntas da pequenada sucedem-se à medida que vão conhecendo os animais. A monitora Paula interage com as crianças para lhes explicar o processo de criação de um bovino que culmina com o bife ou a hambúrguer que comeram no dia anterior. “O boi também dá o leitinho”, refere Marta, 4 anos, sendo de pronta corrigida pelo Gonçalo que garante que é “a vaca que dá o leitinho com chocolate”.O boi que é Gaye as ovelhas de biquiniNa Pequena Companhia, há bois, ovelhas, cabras e um casal de cavalos garranos. A coordenadora do projecto, Lívia Ala, explica que são cavalos selvagens que vieram da Serra do Gerês e foram domesticados na Companhia das Lezírias antes de serem colocados na quinta pedagógica. A fêmea está grávida, mas ainda vamos ter de esperar pelo nascimento dos poldros porque a gravidez dura onze meses. “Ainda falta muito”, lamenta a Marta, 4 anos que fica intrigada com o facto do casal ainda não ter nome.Ali ao lado está um conjunto de ovelhas e borregos. “Estão em biquini por causa do calor”, refere a monitora enquanto mostra a lã extraída dias antes. “Foram ao cabeleireiro”, acrescenta, originando uma gargalhada colectiva. A boa disposição das monitoras é contagiante e cria um ambiente familiar que leva a que as crianças não tenham limites. Numa visita recente, um rapaz de seis anos ficou intrigado com o facto de um boi estar encavalitado sobre o outro e fez uma pergunta incómoda à monitora: “Aquele boi é gay?”, conta Lívia Ala quando lhe pedimos que descreva as situações mais hilariantes de dois meses de funcionamento da quinta.A Pequena Companhia diferencia-se das restantes quintas pedagógicas porque está inserida numa grande quinta da Companhia das Lezírias com 20 mil hectares. O espaço dedicado às crianças reflecte a vida da maior empresa agrícola do país e explica como se passa do olival ao azeite, da vinha ao vinho e do arrozal ao arroz. Na quinta, a pequenada aprende a plantar favas, alfaces e nabos e percebe o processo de produção duma pêra, dum tomate ou de um morango. “É uma verdadeira quinta”, realça Lívia Ala enquanto observa a conclusão de um bolo feito pelas crianças para o lanche que encerra a visita. O bolo será acompanhado de um chá também feito por eles com “ervas” apanhadas na quinta. “É Ice Tea”, diz um dos participantes. O bolo foi uma forma de comemorar o Dia Mundial da Criança porque habitualmente a pequenada aprende a fazer pão e conhece todo o processo de produção desde a terra até à mesa. Desde 20 de Março a Pequena Companhia já recebeu mais de seis centenas de crianças e o número deve triplicar até ao fim do Verão. Por enquanto as visitas são apenas para grupos organizados, escolas, ATL e outras instituições e têm de ser marcadas previamente. Mas o engenheiro Rui Alves, responsável pela área florestal da empresa, explica que o objectivo da Companhia das Lezírias é abrir a quinta às famílias para visitas de fim de semana e em períodos de férias. E a oferta não se fica por aqui. A empresa, com 170 anos, é dona do “pulmão” da Grande Lisboa e quer abrir as portas aos turistas. Passeios pedestres e de bicicleta, cursos de iniciação à natureza, pecursos de orientação e visitas temáticas são algumas das ofertas. Na Ponta da Erva, na lezíria de Vila Franca, vai nascer um observatório de aves que será único na Europa e permitirá contemplar aves protegidas no estuário do Tejo.

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