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Carlos e Elsa são treinadores de cães com a ajuda de biscoitos

Carlos e Elsa são treinadores de cães com a ajuda de biscoitos

Casal conheceu-se devido à paixão que partilham pelos animais

“Senta”, “faz de morto”, “aqui”, são algumas das ordens aprendidas pelos cães em troca de um biscoito, numa primeira fase da aprendizagem, ou em troca de uma brincadeira, já numa fase mais avançada.

Carlos e Elsa Ventura criaram, no início do ano, um campo desportivo para cães situado em Vale Florido, freguesia de São Pedro, em Tomar, e que tem como primeiro objectivo educar socialmente os animais. Ele com 31 e ela com 36 anos de idade confessam que o treino de animais sempre foi um sonho, aprendido fora do país, na Alemanha e na Bélgica, e concretizado agora em Portugal. Elsa identifica o dono como o primeiro problema na educação dos cães. Se o animal tem medo, se ataca, se puxa a trela na rua, é porque não foi estimulado para aprender que não o deve fazer. O método usado pelos dois treinadores baseia-se na teoria do comportamento condicionado de Pavlov. Para ensinar um cão a obedecer a uma ordem usa-se o reforço positivo, através de comida – “O cão tem que perceber que se faz recebe, se não faz não recebe”, explica Elsa Ventura. O casal de treinadores rejeita a ideia de usar violência para ensinar o animal. A experiência diz-lhes que estes nem sempre reagem da melhor forma e por isso já ali chegaram diversos donos acompanhados com o seu animal, treinado por outros, mas que continua a ter problemas de obediência. “Sou conhecido pelo treinador do biscoito”, ri Carlos. Os Ventura garantem o êxito total da sua fórmula. Elsa garante que não existem raças piores do que outras. É o caso do Rotweiler, que tem fama de ser agressivo, mas para a treinadora é um cão tão dócil como qualquer outro. “A única coisa que é necessária para o dono é que seja capaz de ser líder. A família deles é uma graduação, existem o Alfa, o Beta e o Gama. O cão tem que saber que é o Gama, o mais baixo da hierarquia”. Esta teoria vale para todas as raças, mas é mais evidente no caso dos Rotweiler, porque são animais que estão sempre a testar a autoridade. “Não se pode deixar, por exemplo, que ele vá para o sofá”, explica Elsa Ventura. E como é que se ensina isto a um cão? Da forma mais simples, atingindo-lhes o instinto de sobrevivência através da comida dada à mão. O dono é o líder, que caçou e que o alimenta quando acha necessário ou como recompensa para determinada tarefa. “Senta”, “faz de morto”, “aqui”, são algumas das ordens aprendidas pelos cães em troca de um biscoito, numa primeira fase da aprendizagem, ou em troca de uma brincadeira, já numa fase mais avançada.Todos os dias, faça chuva ou faça sol, os dois treinadores estão disponíveis para ensinar os animais. As primeiras lições são individuais e duram dois a três minutos. Primeiro é necessário ganhar a confiança do cão e fazê-lo compreender que o “jogo” terá uma recompensa final. O dono está sempre presente e é ele que o ensina. A duração do treino vai aumentando, até que o cão perceba o que lhe é pedido e acate as ordens recebidas. Assim que a primeira fase é cumprida, passa-se para a fase seguinte, o treino com outros animais. Chegam a estar no campo mais de dez cães, mas nesta altura já nenhum deixa o dono. Nem mesmo quando estão no local cadelas com cio. “O importante para eles é o primeiro instinto, o da sobrevivência”, explica Elsa. Além da obediência, o “Templar Dog” dedica-se também ao treino desportivo. Carlos Ventura participa em alguns campeonatos de mondioring ou de RCI, desportos que se destinam a testar a agilidade do animal e a capacidade de controlo que o dono tem sobre o seu cão. Carlos já ganhou alguns prémios e também participou em mundiais. O treinador, que pertence ao grupo de Operações Especiais da PSP onde lida também com os animais, explica que para estes desportos os cães são treinados a atacar. Mas sabem que só o podem fazer por ordem do dono e a alguém que esteja vestido com um fato de segurança. “Uma arma não dispara sozinha. Um cão também não ataca se não for dada ordem pelo dono”, complementa Elsa.O casal conheceu-se e apaixonou-se por causa dos cães. Os dois estranham a falta de atenção que é dada em Portugal a esta actividade, para a qual não há sequer legislação. Noutros países da Europa, como a Alemanha e a Bélgica, os donos empenham-se a treinar os seus animais. É por isso que é raro ver cães a serem passeados à trela, garante Elsa Ventura. O objectivo do casal é continuar a treinar os animais e fazer do espaço que agora detém, uma grande sala de convívio ao ar livre, onde os cães e os seus donos se sintam confortáveis em divertir-se uns com os outros.
Carlos e Elsa são treinadores de cães com a ajuda de biscoitos

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