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A artesã que embeleza casas, quintas e ruas

A artesã que embeleza casas, quintas e ruas

Maria José Pires pinta azulejos há 25 anos e está radicada na freguesia da Branca

Técnica ceramista aprecia sobretudo pintar jarros clássicos, flores e paisagens.

É numa salinha com janela com vista para a estrada nacional 251, em Fazendas das Figueiras, Branca, concelho de Coruche, que Maria José Pires desenvolve a actividade pela qual se entusiasmou há 25 anos. Pinta azulejos com os mais diversos motivos, grande parte dos quais executados por encomenda de clientes que procuram alindar as suas casas e propriedades. A artesã nasceu no norte, viveu em Lisboa e na Alemanha, até descobrir a freguesia da Branca, onde se radicou. Tirou um curso de formação através do centro de emprego, o que foi meio caminho andado para uma vida dedicada àquela arte. Anteriormente tinha feito tapeçarias durante 20 anos, o que deixou para segundo plano.O método de trabalho é simples. Maria José Pires recebe do cliente o motivo ou paisagem a pintar. Tira uma fotografia do local e faz o desenho em cima de papel vegetal. Com lápis de carvão macio transpõe o desenho pretendido para o painel de azulejos. A seguir “apenas” tem que fazer a pintura. Todos os apetrechos necessários estão em redor da sua mesa de trabalho. Os azulejos brancos são típicos do século XVII. Com pouco brilho, são adquiridos em Pombal para vários meses de actividade. As tintas de alto fogo são compradas em Sintra e capazes de resistir a temperaturas de mais de 1000 graus centígrados. Os azulejos são sujeitos a 12 horas de cozedura no forno Mufla ultramoderno colocado mesmo ao seu lado. Lá dentro os azulejos são empilhados em prateleiras. Os trabalhos podem ter vários motivos e dimensões. Há azulejos de cinco por cinco centímetros ou pinturas em painéis. O maior que fez tinha três metros por 1,2 metros. “Num trabalho dessa dimensão sou capaz de demorar meses. Mas prefiro começar e acabar uma encomenda para cumprir prazos do que trabalhar em várias frentes”, explica a artesã.Maria José Pires faz trabalhos para clientes da região de Coruche, mas também para o Alentejo. Em Inglaterra e Alemanha – casou com um alemão - o seu trabalho é muito apreciado por estrangeiros e por emigrantes. São estes que muitas vezes durante as férias na região de Coruche, principalmente durante as Festas da Senhora do Castelo, em Agosto, levam recordações. Paisagens típicas do concelho, imagens de toiros, cavalos e campinos, da praça de toiros, do rio Sorraia ou da ermida da Senhora do Castelo. Como algumas que rodeiam a artista na sua sala de trabalho.É nessas ocasiões que, a par dos negócios, se estabelecem contactos futuros. Maria José Pires esteve também representada com outros artesãos ligados à Associação de Artesanato de Coruche – Corart na Feira Internacional de Artesanato, que se realizou na FIL, em Lisboa, até domingo.Nunca recebeu pedidos muito fora do comum, mas lembra-se de já ter pintado um painel de azulejos com a imagem de uma antiga barbearia que o proprietário transformou em café-restaurante e que colocou à entrada do estabelecimento. Ou de outro cliente que pediu que a artesã reproduzisse num painel a vista aérea da sua quinta com base numa foto. A artesã diz que nunca foi convidada mas que até gostaria de pintar a vila de Coruche, vista do vale do Sorraia. Aprecia sobretudo pintar jarros clássicos, flores, paisagens. A técnica ceramista está também “habilitada” a pintar em barro e superfície vidrada.Os preços dos trabalhos variam de acordo com a dimensão. Um painel de seis azulejos de 15 por 15 centímetros pode custar 30 a 45 euros. “É um trabalho que me dá muito prazer e que também tem compensado. Não existe muita concorrência nesta zona na pintura de azulejos”, admite Maria José. A actividade da artesã não se resume ao trabalho técnico. Também costuma investigar a história do azulejo em Portugal e a sua evolução, para saber que gostos se foram formando entre as pessoas.
A artesã que embeleza casas, quintas e ruas

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