A cidade vive no silêncio: Cidade esquecida, deserta, que não mexe, morta. Cidade onde passam pessoas com olhar perdido, vazio, sem interesse por nada. Nada é ausência de qualidade. Onde vivem pessoas que se movem de um lado para o outro, como se fossem nuvens escuras e carregadas. Onde o calor aquece a cidade e não as pessoas. Onde praças e avenidas se encontram de braços caídos. Em ruas, becos e ruelas, paira o completo silêncio. Onde existem casas vazias, abandonadas e algumas assombradas.Cidade onde o primário “Bom dia" vive ausente porque ficou deserta. Ao longo dos anos a cidade foi assaltada, e as suas pérolas preciosas perderam e hoje encontram-se noutros lugares. Os subúrbios engoliram a cidade e o futuro, que deveria estar dentro de cidade velha e histórica. Os jovens também se instalaram fora da cidade, porque não foram criadas condições para os “agarrar”. Quase todos saíram de cidade, que é capital, e fixaram-se noutras paragens isentas de história de passado glorioso. Onde monumentos grandiosos sempre foram visitados e deles se contavam histórias que fizeram parte de um país. Monumentos sem sombra que aguardam que a cidade há muito morta ressuscite e se lembre deles. Onde jardins, foram esquecidos. Todos. Onde as flores murcharam e não voltaram a florir. Onde secaram fontes, fontanários, chafarizes e bicas. Só o rio não secou porque se encontra fora de velha e histórica cidade de historiadores, poetas, escritores, artistas e toureiros. A noite tomou conta da Cidade do Nada e resgatou-a para o silêncio e medo.Cidade de estudantes. De escolas Superiores e de Institutos. Onde estão os filhos da cidade? Que fazer aos poucos que ficaram, olhando esperançosos para o dia que esperam seja diferente, ou quem sabe não tiveram tempo de fugir? Ou quem sabe a idade não permitiu? Ou quem sabe amam de verdade a sua cidade? A Cidade do Nada tem uma história de Liberdade.Linda Costa