A história, se fosse escrita pelos criadores das aventuras de Astérix, poderia começar assim: Portugal é um pequeno país à beira do Atlântico dominado por uma praga chamada desemprego. As vozes críticas falam em meio milhão de pessoas sem trabalho, mas em pleno Ribatejo há um reduto que resiste à bárbara moléstia. Na freguesia de Abrã, 22 Km2 de terra no concelho de Santarém, o presidente da junta, o socialista Ezequiel Louro - que até tem algumas parecenças físionómicas com o irredutível gaulês Astérix - lamenta-se é das dificuldades em encontrar pessoas disponíveis para trabalhar. Um autêntico oásis nos tempos que correm. A preocupação do autarca foi manifestada quinta-feira durante a sessão da Assembleia Municipal de Santarém onde se discutia a delegação de competências da câmara nas juntas de freguesia. Ezequiel Louro revelou reservas numa das cláusulas, onde se define que passa a ser competência das juntas contratar pessoal auxiliar para as actividades extracurriculares nas escolas primárias. O autarca falou das “dificuldades em arranjar pessoal” na zona dele, “pois está tudo empregado”. Resta-lhe recorrer a forasteiros, pois desempregados é o que não falta.