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Socialistas de Vila Franca atacam presidente da Assembleia Municipal e deputado do PS

Socialistas de Vila Franca atacam presidente da Assembleia Municipal e deputado do PS

Em causa a insistência de João Gaspar na votação da petição do Mouchão da Póvoa de Santa Iria

A luta pela posse administrativa do Mouchão da Póvoa está a criar uma guerra interna na família socialista. O mais recente alvo da revolta dos eleitos de Vila Franca foi o presidente da Assembleia Municipal e deputado do PS João Gaspar.

O presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, João Gaspar (PS), foi duramente criticado na reunião extraordinária da Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira, realizada quarta-feira, 11 de Julho. Em causa está o facto de, no dia anterior, o presidente ter insistido em submeter à da Assembleia Municipal a petição onde a população da Póvoa de Santa Iria reclama a posse administrativa do Mouchão da Póvoa. O ponto acabou por ser retirado e fica a aguardar por uma sessão extraordinária depois de obtidos os devidos esclarecimentos na Assembleia da República (ver texto nesta edição).João Gaspar é deputado da Assembleia da República e membro da Comissão de Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território (CPLAOT), entidade que requereu informações sobre a petição do Mouchão da Póvoa à Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira, respectivamente. Nesse sentido, o socialista António Vacas expressou toda a sua indignação ao “pôr em dúvida a posição ética” que João Gaspar deveria de ter na CPLAOT da Assembleia da República. “Como parte interessada, devia pedir a demissão dessa Comissão. Não peço a sua demissão da presidência da Assembleia Municipal, mas deve ser criticado pela forma como dirigiu os trabalhos na última reunião”, vincou António Vacas.O tom crítico do eleito do PS assenta também “na proposta apresentada pela freguesia de Vila Franca de Xira que foi pura e simplesmente ignorada pelo presidente da Assembleia Municipal”. Também Ricardo Teixeira (PS) achou “curioso a dificuldade em se perceber algo que é tão claro” como solicitar informações. “Não fui procurar num dicionário para desmontar palavra a palavra o que é que isto quer dizer, mas não tenho dúvida que nenhum de nós concordará que solicitar informações não significa votações”, referiu num tom irónico, ao mesmo tempo que disse “estranhar e muito” que João Gaspar tivesse colocado entraves à discussão do assunto em sede de comissão.Acusando João Gaspar de ter “forçado a votação da petição”, o eleito do PSD/CDS-PP, Orlando Silva, disse ter ficado “muito apreensivo” pela maneira como os trabalhos foram conduzidos. “Não me parece que o presidente da Assembleia Municipal tenha mantido uma equidistância e uma isenção entre a condução dos trabalhos, o seu ponto de vista e a votação que queria levar a cabo neste ponto”, vincou.O presidente da Assembleia Municipal, contactado telefonicamente, desvalorizou as críticas de que foi alvo, adiantando a O MIRANTE que a Assembleia da República se pronunciará oportunamente sobre o assunto. João Gaspar acrescenta que não vê nenhum entrave à sua continuidade como membro na CPLAOT, referindo nesse sentido que só responderá perante o círculo pelo qual foi eleito, nomeadamente, o de Lisboa.O tom crítico à actuação do líder da Assembleia Municipal foi partilhado por todas as bancadas na assembleia de Vila Franca. Orlando Silva acrescentou ainda que não ficou completamente esclarecida a posição da câmara municipal sobre o assunto. “Não se pode lavar as mãos como Pilatos nesta situação. Isto é um problema político que pode ter consequências mais vastas”, referiu. O eleito do PSD/CDS-PP alertou também para o precedente que se abre com a cedência do Mouchão da Póvoa à freguesia da Póvoa de Santa Iria. “De certeza absoluta que a seguir virá Alhandra reclamar o Mouchão de Alhandra. Possivelmente depois, Alverca poderá fazer o mesmo sobre o Mouchão do Lombo do Tejo. E numa nova divisão administrativa do país, Samora Correia irá reivindicar a Lezíria Grande”, assevera Orlando Silva, que alerta para “que se tenha em atenção este tipo de reivindicações”, que no seu entender “podem acontecer num futuro próximo”.Pragmatismo foi o ponto de ordem na bancada da CDU. “Que informação preparou a Assembleia Municipal para entregar na comissão da Assembleia da República?”, questionou o comunista Rui Pereira, que acrescentou: “Se a Assembleia Municipal de Vila Franca está a pecar por omissão, será precisamente o de não ter tentado conseguir reunir algumas informações, não só da freguesia em questão, mas também dos próprios munícipes ou então saber o que o executivo da câmara municipal teria a dizer”. Joana Nogueira, do Bloco de Esquerda chamou a atenção de todas as bancadas partidárias para a oportunidade de se discutir o futuro, as garantias dos terrenos e de toda a reserva do Mouchão da Póvoa, bem como a preservação do frágil equilíbrio do seu ecossistema. Joana Nogueira sugeriu para que “daqui para a frente se possa fazer publicidade e alargar a discussão às populações de todas as freguesias do concelho”.Nesse sentido, a bancada do PS apresentou de imediato uma proposta denominada “Realização de iniciativas no âmbito da divulgação, promoção e salvaguarda ambiental dos Mouchões e Lezíria Grande de Vila Franca de Xira”. O documento, que foi votado por unanimidade, sugere a elaboração de uma brochura informativa por parte da junta de freguesia, tendo como temática o património que representam os Mouchões e a Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, com destaque para a história, identidade e unidade patrimonial geográfica das respectivas áreas, bem como das suas potencialidades agro-ambientais. Dá ainda importância, entre outros aspectos, à organização de visitas e passeios pedestres pelo território da freguesia de Vila Franca, com ênfase na Lezíria e Mouchões, em conjunto com a Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande, Companhia das Lezírias e respectivos proprietários.
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