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31 anos do jornal o Mirante
Teresa Pinto Ferreira

Teresa Pinto Ferreira

31 anos, advogada, Santarém

“Se eu fosse o Dr. Moita Flores, pessoa que muito prezo, ia-me embora fazer uma série baseada nos Maias do Eça”

Casava com um homem rico só pelo dinheiro?Casava-me com um homem que amasse muito e não há dinheiro no mundo que pague isso.Quem vai para a política perde a noção da realidade?Não necessariamente. Sou de opinião que temos actualmente bons políticos a trabalhar. Acontece que, infelizmente, também há gente na política que nunca teve noção da realidade.Recusava defender um suspeito de pedofilia?Não sem antes falar com ele. Mas se acreditasse na sua inocência não duvido que o defenderia. Na primeira vez que entrou numa sala de audiências como advogada ficou nervosa? Muito! O curso de Direito é extraordinariamente teórico. Quando iniciamos o exercício da advocacia temos a sensação de que nos vestem uma toga e nos atiram para uma sala de audiências. Depois aprendemos com a experiência do dia-a-dia, com os colegas e até com os próprios magistrados.Quando vai para um julgamento complicado leva algum amuleto ou tem algum ritual supersticioso? Todos os julgamentos podem tornar-se complicados. Não tenho amuleto ou ritual mas sinto-me protegida pelos meus santinhos.O que é que de mais caricato já lhe aconteceu num tribunal? No início do meu estágio na comarca de Santarém fui assistir a um julgamento de ofensas corporais em que o ofendido era um indivíduo de etnia cigana. Havia muito aparato policial que passava a pente fino as famílias dessa etnia que ali estavam para assistir ao julgamento. Insistiram para que fosse revistada, convencidos de que era cigana. Quando se aperceberam do lapso ficaram muito comprometidos. A mim, sinceramente, não me ofenderam nada.Era capaz de dançar num rancho folclórico? Actualmente a minha vida não mo permite. Dancei no grupo infantil e mais tarde, em adulta, no Grupo Académico de Danças Ribatejanas. Tenho imensas e gratas recordações. Um bocadinho do que sou hoje devo-o aquele grupo de pessoas.Cada vez há mais advogados. Há mercado para todos? Definitivamente não. Impunemente todos os anos iniciam-se cursos de Direito. Para corrigir o excesso de autênticas fornadas de advogados é a própria ordem que através de exames injustificados faz uma peneira. Não se admite que deixem criar expectativas em vão a um aluno que tem cinco anos de curso e, no mínimo, dois de estágio não remunerado.Se fosse presidente da Câmara de Santarém o que é que mudava na cidade? Se eu fosse o Dr. Moita Flores, pessoa que muito prezo, ia-me embora fazer uma série baseada nos Maias do Eça.Ter medo de agulhas é um sinal de fraqueza? Quais agulhas? Ser fraco é não ser leal para com os outros, não assumir os nossos erros e insistirmos na cómoda hipocrisia.Para se viver nesta sociedade não é preciso ser maluco, mas isso ajuda muito. Concorda? Sabe o que o meu bisavô dizia: "puro, puro não há nenhum".
Teresa Pinto Ferreira

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