O presidente da extinta direcção da Adega Cooperativa da Chamusca é um estimado Senhor de nome João Carlos da Luz, que mora na Golegã e, segundo dizem, é um homem muito rico e respeitado. Tendo em conta a sua estimável fortuna será ainda o maior produtor de uvas da região de abrangência da Adega Cooperativa da Chamusca e, por isso mesmo, terá sido escolhido para ficar à frente da instituição quando o anterior presidente resolveu passar o testemunho.Não admira por isso que seja o principal prejudicado com a extinção da Adega da qual era associado para além de presidente da Direcção.De há uns anos a esta parte que se adivinhava este desfecho para a Adega. A maioria dos agricultores ou arrancou as vinhas ou escolheu outras alternativas. Poucos terão ficado à espera desta morte lenta da Adega da Chamusca. Mas é preciso reconhecer que nestes negócios há sempre uns papalvos que já nasceram com uma estrela na testa e que, quando as coisas correm para o torto, perdem muito mais do que o valor de um enxoval para uma filha.Conheço produtores que bem merecem este desfecho porque são incapazes de mexer uma palha para defenderem o deles quando é preciso acautelar também o dos outros. Mas conheço muito mais produtores que, por serem tão pequenos, não sentiam a obrigação de prejudicar a sua vida de trabalho para defenderem uma instituição de que pouco precisavam. Com estes sou profundamente solidário, e faço coro nos nomes feios que chamam a esse respeitável Senhor de nome João Carlos da Luz que, provavelmente por ser tão rico e ter tão pouco tempo para gerir o seu dinheiro, deixou morrer sem honra nem glória a Adega Cooperativa da Chamusca.Talvez por ser o principal prejudicado com o fecho da Adega, por será o maior produtor, o senhor João Carlos da Luz durma descansado e continue a ter sonhos cor-de-rosa com o destino a dar à sua fortuna. Até pode ser que um dia algum dos seus herdeiros lhe erga uma estátua de bronze por ser um chefe de família tão bem sucedido. Quanto ao destino que deu à Adega Cooperativa da Chamusca, uma instituição que era também uma imagem de referência da terra, embora uma imagem já muito sumida, nada o levou a dar contas ou a justificar-se perante uma população que perdeu mais uma das suas marcas de referência. Pobres agricultores ricos !