Sondagens arqueológicas no jardim da República revelam vestígios dos templários
Escavações preventivas antecedem requalificação do espaço verde de Santarém
As sondagens arqueológicas realizadas no espaço descampado do jardim da República junto ao convento de S. Francisco, em Santarém, resultaram na recolha de dez esqueletos e na descoberta de uma estela funerária com motivos templários a cerca de metro e vinte de profundidade. As descobertas estão guardadas na reserva do museu municipal fruto do trabalho da equipa liderada pelo arqueólogo António Matias, que terminou esta segunda-feira após mais de um mês no terreno. A empreitada de requalificação do jardim da República deve avançar até final do ano. Segundo António Matias os dez esqueletos encontrados estavam sepultados em fossas por camadas. Em laboratório, através da análise biológica aos ossos, será possível determinar se existe uma relação de parentesco entre três indivíduos que foram encontrados na mesma sepultura, um adulto, um juvenil e uma criança.Os enterramentos humanos encontrados a cerca de 25 metros do convento de S. Francisco são, segundo o arqueólogo, do período entre a época medieval e época moderna, onde era habitual a utilização de fossas comuns para enterro de familiares. Identificou ainda uma estratificação social crescente à medida que as fossas se aproximam do convento, junto às quais deverão estar sepulturas com lajes de estratos sociais mais elevados. Significativa foi ainda a descoberta de uma estela funerária in situ, uma espécie de lápide com epitáfio, colocada à cabeceira ou pés da sepultura, que identifica um dos esqueletos. “Esta estela tem uma estrela estilizada numa face e a cruz de Cristo dos Templários noutra”, sublinha António Matias.Os trabalhos realizados permitem concluir, segundo o técnico, que poderão avançar os trabalhos de requalificação do jardim da República de forma mecânica, sem problemas até cerca de 1,20 metros de profundidade. E que nas zonas de descobertas relevantes as escavações terão de ser realizadas à mão. Os elementos recolhidos estão guardados na reserva do museu municipal de Santarém fruto de protocolo com o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) que lhe permite albergar todo o espólio descoberto no concelho.Da intervenção programada para o jardim da República consta a requalificação de espaços verdes, mobiliário urbano e iluminação, além da reformulação do coreto sem o lago em redor, a eliminação do quiosque e a construção de uma cafetaria de aspecto mais moderno. Prevê-se ainda a construção de um adro junto ao convento de São Francisco com pedra laje e escadaria de acesso.
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