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Vialonga apresenta Carnaval brasileiro fora de época

Grupo Micalonga promove desfile no domingo

O samba e a capoeira vão invadir as ruas de Vialonga num domingo gordo em pleno Verão. A comunidade brasileira dá vida às festas de Vialonga.

Noite de segunda-feira em Vialonga. Das janelas da sede da Sociedade Columbófila vem o som dos ritmos brasileiros que ditam os movimentos de mais um ensaio do grupo Micalonga, um grupo de brasileiros residentes em Vialonga que no próximo domingo, a partir das 18h00, vai apresentar um carnaval fora de época nas festas da freguesia. Os passos descalços mal se ouvem e são as palmas que marcam os compassos. Anderson Duarte comanda o grupo. Os passos repetem-se tantas vezes quantas forem necessárias para que, no dia do desfile, Vialonga seja, ainda que por umas horas, um bocado do Brasil que deixaram para trás.O carnaval brasileiro de Vialonga vai reunir quatro grupos, cada um deles com meia dúzia de pessoas, que estarão divididos por estilos musicais que pretendem espelhar a diversidade do Brasil. Para além do Axê que Anderson e os colegas de grupo ensaiam, haverá também grupos de samba carioca, capoeira e frevo. Sairão em desfile uns atrás dos outros pelas ruas da freguesia concretizando aquele que, segundo Anderson, era um sonho que já tinha desde que há seis anos chegou de malas e bagagens a Portugal. O sonho demorou a concretizar-se por falta de apoios mas o grupo nunca desistiu e crê que este será o primeiro de muitos carnavais que ainda irão realizar.Para Edson Kurtz, outro membro do grupo, esta é uma forma de “matar saudades” de casa e divulgar a cultura brasileira no país que os acolheu. Todos os membros que compõem o grupo Micalonga vieram para Portugal à procura de melhores condições de vida e, até à data, todos acreditam terem feito uma boa escolha. Apesar das complicações e dos imprevistos, como refere Edson, e das saudades de casa. “A nossa vida aqui é da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Este carnaval é também uma forma de nós sairmos da rotina”, comenta. À excepção de um elemento, Mirelle que vive no Catujal (Sacavém), todos os membros do grupo moram em Vialonga, vila à qual vieram parar por acaso. “Caímos aqui de pára-quedas”, descreve Anderson, que antes ainda chegou a morar em Samora Correia. O amigo Edson veio do Brasil directamente para a Granja, em Vialonga, por já ter um amigo a morar na freguesia. Agora exploram o bar da sociedade columbófila e dizem já ter feito muitos amigos na comunidade. “Às vezes há preconceito porque há brasileiros que têm um objectivo e fazem coisas menos correctas para alcançar esse objectivo, gerando depois uma má imagem dos brasileiros”, explica Edson. O brasileiro acredita que Vialonga os soube acolher melhor porque já tinha a experiência adquirida com a comunidade africana.No próximo domingo, a partir das 18h00, os ritmos brasileiros vão ecoar pelas ruas de Vialonga, mostrando o resultado das várias horas de ensaios do grupo, que se reúne nos tempos livres depois do trabalho. A escolha de representar vários estados brasileiros neste carnaval, em vez de optar por um tema mais genérico, teve sobretudo a ver com falta de tempo, uma vez que só há cerca de um mês tiveram a confirmação de que actuariam nas festas da vila. Para o próximo ano, esperam ter “pelo menos seis meses” para ensaiar. “E já entrar no carnaval com uma escola de samba”, acrescenta Anderson, em tom de brincadeira.

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