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Irreverente Manuel Serra d’Aire

Se apanho a jeito um daqueles ecologistas fundamentalistas que se vestem de forma esquisita, e que aparentam já não tomar banho há um par de semanas só para pouparem água, enfio-lhe com uma palete de sacos de cimento em cima e um tubo de escape pelas goelas abaixo. Aliás podia ser mesmo um qualquer Al Gore de aviário, daqueles que andam para aí a pregar contra as alterações climáticas, os casacos de peles, os pesticidas na agricultura e os automóveis. Gostava de lhe perguntar se o gélido Julho que só para o fim deu um ar da sua graça tem alguma coisa a ver com o aquecimento global de que eles tanto falam e se isto é consequência do tal efeito de estufa.Ando eu há que tempos a poupar no ar condicionado, nos sprays, nos combustíveis por causa do fami-gerado buraco de ozono, andei eu a aconselhar o nosso compadre Fanã a reduzir a emissão de gases nocivos para o ambiente cortando na ração de feijoada, e quanto a resultados zero! Parece o SLB da época passada. Um tipo ouve os profetas da desgraça falar em ondas de calor e tretas do género e quando se apronta para ir passar uns dias à praia, leva roupas leves, resmas de cremes e protectores e outras bugigangas. Só que depois foi o que se viu. Só me faltou apanhar uma pneumonia tal foi o frio que passei. O que esses gajos precisavam era de ser mandados a banhos para o Alaska.Eu, como diz a canção, gosto é do Verão. De Verão a sério, porque o de São Martinho só me cativa pela água-pé (quando é da boa) e pelas castanhas. As mulheres lusitanas, aliás, devem partilhar da minha opinião, pois elas bem têm puxado pelo calor. Valha isso para me aquecer a alma. Mas nem tanta chicha à mostra mesmo debaixo de chuva ou da temperatura outonal de Julho faz os raios de sol ganharem força. Há quem lhe chame o astro-rei, mas a mim dá-me ideia que se tornou uma espécie de astro-gay que decidiu agora sair do armário.Caro Manel já descobri o que vou fazer quando me reformar. Vou tirar um curso superior. Parece que é o que está na moda agora. Longe vai o tempo em que a entrada nas universidades e politécnicos era mais seleccionada que no Elefante Branco. Agora só não entra quem não quer, ou quem não sabe ler e escrever. Embora neste último caso subsistam algumas dúvidas. O programa maiores de 23 é um manancial de oportunidades que não pode ser descurado. Em vez de me enfiar o dia inteiro no shopping a ver passar as modas (e não só, obviamente), aproveito para me cultivar e aprender alguma coisa com a malta mais nova.Aliás é enternecedor o esforço do Governo para promover a aproximação de gerações. Já conhecia centros de dia para idosos e actividades de tempos livres para crianças a funcionar nas mesmas instalações. Mas isto é muito mais à frente. Suspiro só de pensar em dividir a carteira com uma moçoila de vinte anos. De fazer trabalhos de grupo com as cachopas da minha turma. De aprender a enrolar charros e engolir shots de pénalti ao som do Quim Barreiros. Isso é que vai ser vida…Um abraço do Serafim das Neves

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