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Teresa Benavente é proprietária de uma retrosaria na Póvoa de Santa Iria

Teresa Benavente é proprietária de uma retrosaria na Póvoa de Santa Iria

Nem que seja para vender um ou dois metros de tecido, Teresa Benavente corre todos os armazéns que conhece até encontrar aquilo que o seu cliente procura. Sabe que a aposta no atendimento personalizado é a única forma de não deixar morrer o comércio tradicional, face à ameaça das grandes superfícies e das lojas chinesas. A sua retrosaria na zona antiga da Póvoa de Santa Iria tem clientes certas que sabem que ali encontram sempre o que procuram.

Linhas de todas as cores e botões de vários tamanhos e feitios são alguns dos muitos objectos que preenchem as paredes da retrosaria “A pregadeira”, situada na zona antiga da Póvoa de Santa Iria. A loja já existe há mais de vinte anos e há cerca de doze que é propriedade de Teresa Benavente, que assumiu a gerência da loja poucos meses depois de para lá ter entrado como funcionária. Apesar do toldo a anunciar tratar-se de uma retrosaria, “A pregadeira” é mais do que isso. “Se fosse só uma retrosaria não dava para viver porque este é um ramo que empata muito dinheiro”, explica a proprietária do espaço. Por esse motivo, a pequena loja alberga também outro tipo de peças, desde edredons a lingerie ou roupa para criança, que atraem mais clientes e complementam o negócio.Teresa Benavente nunca tinha trabalhado no ramo mas depressa se habituou à nova profissão. O facto de ser conhecida na comunidade ajuda a criar laços de familiaridade com as clientes que acabam por se fidelizar. “Vivo aqui na mesma rua e passei toda a juventude na Póvoa”, explica. Para além disso, a proprietária da retrosaria diz que um dos segredos para a boa relação com os clientes é o esforço que faz em encontrar sempre aquilo de que eles necessitam. “Se me pedem uma coisa e eu não tenho, vou à procura”, afirma. Gasta horas em périplos pelos diversos armazéns até encontrar aquilo que uma cliente deseja, nem que seja para depois vender um só metro que lhe renderá poucos cêntimos. No intervalo entre uma e outra cliente, Teresa Benavente trabalha também nos seus próprios lavores, que muitas vezes coloca depois à venda na loja. “Estou agora a acabar uma toalha mas não sei se a venda ou se fique com ela”, confessa. Para além disso, nas horas vagas, Teresa Benavente é uma das participantes mais activas na vida cultural da sua cidade. É colaboradora do Grémio Dramático Povoense onde, para além de outras actividades, integra o grupo de teatro e o elenco das marchas populares. Todas estas actividades ajudam a proprietária da retrosaria a aliviar a cabeça daquele que considera ser “um ramo muito cansativo”. “Cansa muito porque tenho que ir sozinha aos armazéns”, explica. Teresa Benavente chegou em tempos a expandir o negócio e abriu um pronto-a-vestir na loja do lado mas “a vida alterou-se e não deu para tanta coisa”.Apesar das ameaças que chegam de toda a parte, desde as grandes superfícies até às lojas dos chineses, a proprietária da retrosaria continua a considerar o negócio rentável. Os encargos com a loja são muitos mas as vendas têm conseguido superar as expectativas. As lojas dos centros comerciais pecam pela falta de atendimento personalizado e as lojas de chineses, para a proprietária, têm preços apelativos mas artigos de baixa qualidade. Estes motivos contribuem também para que muita gente continue ainda a preferir os serviços de Teresa Benavente. “As pessoas entram aqui às vezes nem que seja só para dizer olá”, sublinha. A confiança que acaba por gerar com os clientes leva a que, muitas vezes, se criem laços de amizade ou de maior afinidade. No entanto, nem sempre a vida corre bem e, num trabalho de atendimento ao público, é fundamental manter sempre um sorriso aberto. E é o que Teresa Benavente faz, mesmo quando vive dias piores. “Os clientes não podem aperceber-se”, diz.“A pregadeira” está aberta de segunda a sexta, ao longo de todo o dia, e aos sábados de manhã. Um dos segredos está na organização. “Por exemplo, tenho aqui uma lista de coisas para ir comprar na próxima semana, só de retrosaria. Esta semana não posso comprar nada disto”, exemplifica. Teresa Benavente tem dois filhos, um casal de 16 e 18 anos, mas não deseja que nenhum deles venha um dia a ficar à frente do negócio porque “é um ramo mesmo muito cansativo”.Neste ramo, segundo a proprietária, nem sempre é possível cobrar o valor justo por um trabalho. “São trabalhos feitos à mão, com acabamentos bem feitos e que demoram muitas horas”, frisa. “Se fosse cobrar por todas as horas de trabalho, ficava muito caro”. Para além dos trabalhos que depois vende na loja, Teresa Benavente colabora ainda com muito material para as peças do Grémio. “Para a última peça que fizemos, “O Príncipe Nabo”, dei muito material e no Baile da Pinha tenho sido sempre eu a dar o prémio à senhora, que tem sido uma saída de banho”, exemplifica.
Teresa Benavente é proprietária de uma retrosaria na Póvoa de Santa Iria

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