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“Se o Salazar fosse ribatejano, hoje tínhamos toiros de morte em Portugal”

É um adepto dos toiros de morte?Pois sou… Isso é que dá nobreza ao toiro e ao toureiro. Um toiro sofre muito mais na Corrida à Portuguesa que nas corridas espanholas. A competência para autorizar as corridas com toiros de morte deve passar para os municípios?Quem deve autorizar, não é o mais importante. Não tenha dúvidas que se o Salazar fosse ribatejano, nós hoje tínhamos toiros de morte em Portugal. No tempo do Salazar tivemos corridas picadas e com toiros de morte e ninguém foi preso. A defesa dos animais é uma falsa questão. Os amigos dos animais têm duas caras.Como vê o aparecimento das mulheres toureiras num mundo de homens?O mundo evoluiu. Hoje as mulheres são bombeiras, ciclistas, empresárias, mecânicas. A sociedade evoluiu e elas têm todo o direito a tourear desde que o façam bem e no respeito pelas regras. A mulher e o homem complementam-se.O respeito pelas regras nem sempre acontece…Esse é que é o problema. Ainda se viu na recente Corrida da Mulher em Salvaterra de Magos. Foi um tremendo erro. Só a Ana Batista toureou, as outras passaram por ali e era uma corrida de responsabilidade transmitida para todo o país. Para colocar a mulher num pedestal não se pode arriscar desta maneira e deve-se escolher só as melhores e mais bem preparadas.A transmissão televisiva das corridas é positiva?A televisão é o melhor meio de promoção da festa. A tauromaquia beneficia com as transmissões, mas há que escolher melhor os comentadores para não enganar os espectadores. Há críticos de têm medo de criticar mesmo quando o artista está mal.A crítica taurina tem pouca credibilidade?Há bons comentadores em Portugal e pessoas que percebem muito da festa, mas há interesses que se misturam e adulteram a crítica. Um exemplo positivo é o do director do Novo Burladero João Queirós que é muito acutilante na crítica.O público é pouco exigente. Em Portugal toda a gente dá a volta à arena, mesmo quando esteve mal?O cavaleiro acaba de tourear e manda abrir a porta para dar a volta sem que o público peça. Há voltas que são imerecidas e os artistas devem ser sérios e ter a coragem de ficar na teia.As corridas são muito longas. Chegam a durar três horas e meia...Em Espanha recolhe-se um toiro em dois minutos. Cá chega a durar meia hora uma recolha. Os curros estão mal dimensionados para este tipo de toiros e os campinos nem sempre têm o coração grande para se aproximar mais do toiro.Uma corrida numa praça coberta é a mesma coisa que ao ar livre?Desde miúdo que ouço que: “os toiros querem sol e moscas”. Repare que desde sempre houve sol e sombra nas praças. O público mais abastado vai para a sombra e o menos abastado para o sol.Mesmo que a corrida seja à noite…É uma tradição que se mantém. O público separa-se lá dentro, mas depois junta-se cá fora e debate a corrida.A cobertura das praças é uma forma de diversificar os espectáculos e rentabilizar os grandes investimentos?Eu não critico. Sei que é a única forma de manter algumas das praças. Embora prefira ver uma corrida a céu aberto com sol, moscas e o azul do céu.Samora Correia tem condições para alimentar um espaço desse tipo?O problema maior é o do terreno. Julgo que vale a pena a câmara pensar num local para uma praça em alvenaria. Eu adorava ter uma praça de toiros em Samora com uma arquitectura bem conseguida que fosse um monumento à aficcion desta terra. Uma praça de toiros não tem que ser sempre redonda e os curros até podem ficar noutro local próximo. Uma praça fixa dava mais força taurina à terra e poupava recursos?Temos de pensar nos custos de uma praça desmontável que todos os anos são suportados pela câmara e pela organização.Este ano, Samora via ter João Moura…É uma grande conquista e um risco para o Rafael Vilhais (empresário que monta as corridas) que construiu aqui uma Feira Taurina respeitada que já recebeu grandes figuras como o Diego Ventura. A presença do Moura é motivo de orgulho para Samora e os aficionados devem encher a praça. A festa taurina movimenta milhares de pessoas nas várias festas da região. Não há aqui um sub-aproveitamento deste produto turístico que pode gerar receitas importantes como gera em Espanha com fenómenos como o de Pamplona? Penso que quem gere esta região ainda não despertou para esta realidade e está a desperdiçar um conjunto de oportunidades. O concelho de Benavente e os concelhos à volta têm um potencial enorme à volta da festa.Vila Franca vai ter um museu da tauromaquia. Está bem entregue esta responsabilidade?Vila Franca é um marco importante da festa dos toiros. Tem toda a justificação instalar na cidade esse espaço. A família Palha, com raízes em Vila Franca, fez muito pela festa dos toiros e penso que injustamente foi esquecida. Aliás, nós desperdiçamos o conhecimento de um conjunto de pessoas que devem participar sempre nas festas, nem que seja na comissão de honra.

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