
Bombeiros de Azambuja com acompanhamento psicológico após assistirem à morte de colega
Pedro Salema perdeu a vida num acidente com ambulância quando ia a caminho de emergência
Um jovem bombeiro de 26 anos morreu quando conduzia uma ambulância para tentar salvar uma vida. Os camaradas da corporação dos Voluntários de Azambuja, que executaram a operação de resgate e tentaram salvá-lo, vão ter acompanhamento psicológico.
Já passaram alguns dias depois da morte de Pedro Salema - o bombeiro de 26 anos que faleceu num acidente de ambulância quando ia em serviço de emergência - mas um operacional dos Bombeiros Voluntários de Azambuja continua de cabeça baixa, na tarde de sábado, sentado no banco de madeira, no páteo do quartel. É difícil perceber porque morre uma pessoa que vai em socorro de alguém que precisa. O acompanhamento psicológico aos homens que privaram com o jovem durante anos, - assim como à família do malogrado bombeiro - começou a ser facultado no dia do funeral por um especialista em psicologia da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC). Foram os operacionais da corporação que na tarde de quarta-feira acorreram ao local do acidente para a operação de desencarceramento. “É uma situação muito estranha e complicada que não se consegue descrever muito bem”, confessa ainda emocionado o comandante dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, Pedro Cardoso. Além do apoio ao nível psicológico concedido pela ANPC os operacionais vão continuar a ser acompanhados por uma psicóloga que trabalha com a corporação de Azambuja.Pedro Cardoso garante que o psicólogo da Autoridade Nacional já alertou alguns elementos da corporação para a eventualidade de se registarem sintomas característicos de situações pós-traumáticas, semelhantes àquelas vivenciadas pelos operacionais que desencarceraram o bombeiro. Como é o caso de mudanças de humor, irritabilidade e tendência para o isolamento. “Vamos ter que ficar atentos”, revela Pedro Cardoso. Pedro Miguel Serrano Horta Salema tinha 26 anos, era bombeiro de primeira classe e vivia ao lado do quartel dos Bombeiros de Azambuja que já era a sua segunda casa desde 1999. O filho e irmão de antigos bombeiros dedicava muito tempo à corporação. “Tínhamos uma relação como pai e filho. Desabafava muito comigo e éramos confidentes”, revela Pedro Cardoso que via no jovem bombeiro um profissional competente e ambicioso. O jovem era um dos elementos do Grupo de Intervenção Permanente da corporação. Na altura do acidente, que aconteceu na quarta-feira, 8 de Agosto, cerca das 16h00, Pedro Salema conduzia uma ambulância ao lado do bombeiro Marcos Duarte. Os dois operacionais seguiam com destino a Vila Nova da Rainha em serviço de emergência. Iam socorrer uma pessoa com um AVC. O veículo, que assinalava a marcha apresentando sinais luminosos e sonoros, foi embater contra um camião. O pesado de mercadorias saía das instalações de uma empresa de logística, no sentido contrário ao do veículo de socorro, frente à Opel. O bombeiro que seguia ao lado sofreu ferimentos ligeiros, recebeu tratamento hospitalar, mas acabou por regressar a casa no próprio dia.O funeral de Pedro Salema, que decorreu na sexta-feira, foi uma cerimónia muito emotiva que mobilizou centenas de pessoas, entre bombeiros de vários pontos da região, populares e autarcas. O ministro da Administração Interna fez questão de marcar presença na cerimónia. O corpo saiu do quartel dos bombeiros voluntários, onde esteve em câmara ardente, e o caixão foi levado em ombros por camaradas até ao cemitério da vila. As coroas de flores foram transportadas no topo dos veículos de socorro. Pedro Salema foi sepultado no talhão dos bombeiros do cemitério de Azambuja. Enquanto a coluna de pessoas seguia em direcção à última morada do bombeiro ficava no quartel de Azambuja uma equipa em prevenção. Porque a vida não pára.

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