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A vocação para trabalhar com o público a vender viagens de lazer e negócios

Hélder Mendes é técnico de turismo numa agência de viagens de Santarém

A concorrência no sector é cada vez maior e o operador tem de dar respostas aos clientes no menor tempo possível.

“Tem passagens aéreas para França?”, pergunta uma cliente que entra na agência de viagens logo de manhãzinha. “Para que cidade pretende ir?”, questiona Hélder Mendes, dando outro tipo de explicações de seguida referentes aos voos de companhias aéreas. É este tipo de atendimento profissional mais personalizado que Hélder Mendes executa há oito anos, desde que ingressou na agência de viagens situada no centro histórico de Santarém. Uma amiga que lá tinha trabalhado falou-lhe na possibilidade de entrar na empresa quando duas funcionárias foram para licença de parto em simultâneo. Apresentou de imediato uma candidatura espontânea. Os primeiros tempos foram dedicados a tratar de vistos, tranfers, cobranças e algum atendimento ao público. Hoje Hélder faz um pouco de tudo, desde contactar operadores e outros agentes turísticos, analisar e marcar destinos de férias, por telefone, fax, internet e no atendimento personalizado. Não sendo o ideal para a área do turismo, o curso superior de línguas em francês e inglês em que Hélder Mendes se licenciou acaba por dar muito jeito no dia a dia. Sobretudo para redigir documentos que tem de enviar para outros operadores turísticos do que a falar com os potenciais turistas que vão aparecendo na loja. São os brasileiros e ucranianos que mais procuram a agência a par dos portugueses. Aliás, é no atendimento ao público que o profissional de 31 anos, natural do Cartaxo, tem construído a sua vida. Antes de ser técnico de turismo, trabalhou dois anos como recepcionista num hotel de Santarém. O primeiro emprego após concluído o curso. No Verão de 96 trabalhou num bar do Cartaxo, entretanto encerrado, e foi também vigilante das piscinas da mesma cidade desde 1994 após tirar o curso de nadador salvador. “É um misto de coincidência e aproveitamento de oportunidades exercer profissões e actividades ligadas com o público mas também me sinto bem nesse papel”, considera Hélder Mendes. Apesar de grande parte do trabalho ser de escritório, a profissão exige muita entrega e consome muito tempo. A concorrência é cada vez maior e o operador tem de dar respostas aos clientes no menor tempo possível. As agências virtuais são cada vez mais concorrentes das típicas agências de viagens, com os clientes a recorrerem à comodidade de um computador com acesso à Internet para consultar produtos de aviação e alojamento para destinos turísticos. “Ainda assim a marcação de viagens tem sempre variações por diferentes razões e penso que nada melhor do que falar com o técnico de turismo que pode ajudar a resolver eventuais problemas que surjam”, considera Hélder Mendes. Além de um discurso fluido e poder de argumentação, o técnico tem de conhecer bem os produtos da agência. Crise condiciona escolhasNa Omnitur uma boa parte dos clientes está ligada a empresas e os negócios são o seu mote na contratação de viagens. Os que procuram destinos de férias têm procurado mais as ilhas espanholas, dada a boa relação qualidade-preço e sem despenderem muitas horas de voo. Tunísia e Cabo Verde, além das Caraíbas, são outros destinos ainda muito procurados, além do Brasil que regista um abaixamento. Em Portugal, Algarve e Costa Alentejana completam o rol dos destinos mais desejados. Do lado oposto, surgem ocasionalmente pedidos de viagens para países longínquos, como a China.Há ainda os destinos que puxam pela carteira ou pelo cartão de crédito, como as Seychelles, Maldivas, Polinésia Francesa, nas quais uma semana de férias por pessoa pode ficar por 4.500 a cinco mil euros. Há também o destino mais barato, que não implica a passagem aérea e os suplementos de aeroporto. É o caso dos destinos do sul de Espanha, muitas vezes mais baratos que o Algarve.“Nota-se que os portugueses andam com falta de dinheiro e que recorrem muitas vezes ao crédito para terem as férias que desejam. Existe ainda a tendência para fazer as marcações em cima da hora, o que acontece com 60 ou 70 por cento dos casos”, refere Hélder Mendes, salientando o stress que se ganha com esse tipo de situações.Ser técnico de turismo numa agência de viagens também tem as suas vantagens. Ocasionalmente sucedem-se as “visitas educacionais” organizadas pelas agências e operadores para que os seus técnicos conheçam melhor os destinos de férias que vendem. À conta dessa “formação” Hélder Mendes teve oportunidade de conhecer várias praias e cidades do Nordeste brasileiro, Madeira e Açores, sempre em viagens de lazer. O agente de viagens vende destinos de sonho mas também sonha com viagens marcantes. Entre as mais exóticas para Hélder Mendes estariam uma viagem à volta do mundo ou a extravagância do turismo espacial com a possibilidade de ficar na órbita da Terra metido uma cápsula, com preparação prévia de três semanas num destino tropical. Com os pés mais assentes na terra o técnico de turismo considera que a possibilidade de voltar ao Brasil e conhecer melhor a Amazónia e a zona do Pantanal já seria muito satisfatória.

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