
Manutenção militar do Entroncamento mostra à sociedade civil relíquias do passado
Um pavilhão remodelado foi transformado em repositório de memórias da unidade
O espaço museológico conta actualmente com 122 peças, das quais 80 dizem respeito a armamento, 15 a material de carpintaria e o restante a material de óptica e oficinal.
Dezenas de revólveres e pistolas, duas das quais pertencentes à famigerada PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), lança foguetes, canhões e morteiros, uma metralhadora antiaérea de 1953, uma máscara biológica e química de 1938, um lança-chamas, diversas motos e carros e outros utensílios militares fazem parte do acervo de peças que o Regimento de Manutenção do Entroncamento decidiu expor num dos pavilhões que ficou vago depois da reestruturação levada a cabo pelo Exército. Ao todo são 122 peças, das quais 80 dizem respeito a relíquias de armamento, 15 a material de carpintaria com que o regimento consertava, recuperava e mantinha o equipamento de serviço e o restante a material de óptica e oficinal.À entrada do edifício dois jipes pintados a negro ladeiam a porta e destacam-se no branco das paredes. Dois militares encarregados da guarda fazem continência aos superiores hierárquicos, que pela primeira vez desde que o museu foi inaugurado, em Abril de 2006, mostram a “casa” a um jornalista. Na sala de entrada, a bigorna e o martelo, símbolos do serviço de material, convivem ao lado de um Mercedes da década de 60, idêntico ao usado por Salazar.O objectivo, diz o segundo comandante do Regimento de Manutenção do Entroncamento, tenente-coronel Jorge Gorita, é dar a conhecer à sociedade civil um acervo que conta histórias do passado militar português. E ao mesmo tempo deixar um marco visível do trabalho feito pelo serviço de manutenção de material da unidade do Entroncamento. “É uma forma de preservar para o futuro, guardando um pouco do que foi o passado”, refere o segundo comandante, ressalvando que a razão pela qual o projecto museológico foi avante se deve à importância da preservação do material com o qual o exército funcionou durante muitos anos.A maior parte do material que hoje se encontra exposto nas paredes, dentro de móveis envidraçados ou espalhado pelo chão das diversas salas que compõem o edifício encontrava-se guardado no regimento. O restante veio do Depósito de Material de Engenharia de Alcochete. “Quando o espaço ficou liberto, por via da reestruturação da unidade, pedi que me dessem algumas ideias de como o aproveitar e então surgiu a do museu, que foi posta de pé em apenas dois meses”, refere o tenente-coronel Jorge Gorita, ressalvando a capacidade dos seus homens que poucos dias antes da abertura e, mesmo debaixo de chuva intensa, armaram umas tendas para poderem fazer as pinturas exteriores (os jipes). “Foram necessárias muitas horas nocturnas, muitas directas e muitas pizzas para pôr o museu de pé a tempo da inauguração na data prevista. Mas isso deu-nos um gozo suplementar”.Um gozo que querem agora transmitir aos potenciais visitantes. Na maior das salas do museu - onde anteriormente funcionava o bar de praças - o espaço central está reservado para exposições temáticas temporárias, que visam dar a conhecer as diversas actividades da unidade. “Esta é a nossa mini-expo, o nosso pavilhão multiusos”, diz com orgulho o segundo comandante do regimento.Pelo facto de estar instalado no interior de uma unidade militar o museu não poderá ter o mesmo horário de funcionamento que os seus congéneres civis. Mas o segundo comandante do regimento diz que as portas estarão sempre abertas à comunidade. “Basta telefonar e fazer a marcação das visitas”, refere, adiantando que será sempre disponibilizado um guia militar aos visitantes. Como aliás tem acontecido com diversas escolas da região, que ali têm levado alunos no âmbito das actividades de tempos livres.

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