uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
A artesã de Vila Franca de Xira que não faz duas peças iguais

A artesã de Vila Franca de Xira que não faz duas peças iguais

Anabela Figueiredo dedica-se às artes plásticas a tempo inteiro

Faz um pouco de tudo, desde pintura a óleo até objectos feitos a partir de telhas, cascas de milho, alho, cebola ou escamas de peixe que vai buscar ao mercado.

O gosto pelas artes plásticas e pelos trabalhos manuais sempre existiu. Anabela Figueiredo nasceu em Moçambique onde chegou até a tirar um curso de Artes mas foi na área da Informática que fez carreira durante muitos anos. O artesanato ficou sempre como hobby e só há pouco tempo passou a dedicar-se a ele a tempo inteiro. Anabela Figueiredo faz um pouco de tudo, desde os trabalhos mais tradicionais até objectos mais inovadores, com misturas de várias técnicas.A artesã, residente em Vila Franca de Xira, chegou a ter uma loja de bordados no mesmo centro comercial onde agora tem o atelier “Belarte”. “Tanto gosto de bordar como de pintar, gosto de tudo quanto sejam artes plásticas”, explica a artista. Anabela Figueiredo dá também aulas das várias técnicas que conhece a quem a procura. Sem compromissos. “Podem vir durante um ano, durante um mês ou até só tirar uma dúvida”, frisa.O segredo que marca a diferença dos trabalhos desta artesã é a mistura das várias técnicas de artesanato. “É o desafio que mais me dá gosto”, explica. Anabela Figueiredo faz um pouco de tudo, desde pintura a óleo até objectos feitos a partir de telhas, cascas de milho, alho, cebola ou escamas de peixe que vai buscar ao mercado. “Para mim não há lixo, tudo se transforma”, sublinha.Para os 75 anos da Festa do Colete Encarnado, foi desafiada pela Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira a criar objectos alusivos à efeméride. A partir daí, surgiu uma nova ideia: a de recriar, através de uma intensa pesquisa, os trajes tradicionais portugueses. Cada uma das peças é um objecto único. “Não faço duas peças iguais. Isso faz-me lembrar uma fábrica”, explica. As ideias nascem da criatividade da artesã e do contacto e troca de ideias com outras pessoas.Cada boneca demora pelo menos três dias a fazer. O preço ronda os 30 e os 40 euros. São muitas horas de trabalho que não podem reflectir-se no preço final. Apesar disso, Anabela Figueiredo tem tentado viver da sua arte. A aposta na divulgação já chegou à Internet, onde mostra as suas peças no blog http://belarte-atelier.blogspot.com. “As pessoas adoram, mas não há poder de compra”, lamenta a artista.O atelier “Belarte”, no Vila Franca Centro, abriu há um ano e não é ainda possível saber se foi ou não uma boa aposta. O centro comercial já viveu melhores dias e a localização da loja, escondida ao fundo de um corredor, junto às casas-de-banho, também não é a melhor. “Deus queira que dê dor de barriga a muita gente para conhecerem a loja”, costuma brincar a artesã.Anabela Figueiredo, que trabalha em colaboração com Paulo Santos, luta por criar um artesanato que possa vir a tornar-se típico da sua cidade e que reflicta os seus usos e costumes. “O que era antes o artesanato de Vila Franca de Xira? O barrete e o boi de plástico”, frisa a artesã, considerando que essa era uma lacuna que era necessário colmatar, até pelo bem do turismo da cidade. A artesã já requisitou documentos à câmara municipal para ajudar à pesquisa que está a levar a cabo sobre os trajes vilafranquenses.Em paralelo com a divulgação da cultura vilafranquense, não faltam outros projectos, mais abrangentes. Depois dos trajes tradicionais, adivinha-se uma nova linha, baseada em pregões. “É um bichinho que temos cá dentro…”, justifica.
A artesã de Vila Franca de Xira que não faz duas peças iguais

Mais Notícias

    A carregar...