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Tomar espera resposta do Governo para reabilitar zonas afectadas pelas cheias

Tomar espera resposta do Governo para reabilitar zonas afectadas pelas cheias

Propostas de reparação dos danos foram aprovadas em Maio pela câmara municipal

A limpeza continua por fazer no leito e nas margens dos cursos de água que em Novembro passado transbordaram e causaram elevados prejuízos.

Tomar é um dos quatro concelhos a nível nacional (com Pombal, Odemira e Santiago do Cacém) a quem foram prometidas ajudas especiais do governo por terem sido dos mais afectados com as cheias sentidas no final do ano passado. Os danos provocados pelos dois dias de cheias, 25 de Outubro e 5 de Novembro, já foram contabilizados e totalizam 1.548.850 euros. A câmara está a aguardar por um despacho, prometido pelo executivo de José Sócrates, que permitirá à autarquia recorrer a empréstimos ou outros tipos de financiamento, sem que isso conte para o índice de endividamento do município. Sem essa autorização do governo “não vai haver dinheiro para efectuar os trabalhos de reparação e prevenção necessários”, lembra o coordenador da protecção civil municipal. O gabinete levou dois meses a preparar um extenso relatório com todas as obras necessárias no concelho. O documento foi aprovado em Maio passado em reunião do executivo da câmara. Posteriormente foi enviado para a CCDR-LVT e Ministério do Ambiente e, desde essa altura, aguarda pela luz verde da administração central. Na Sabacheira, freguesia de Tomar, uma das mais afectadas pela intensa queda de chuva no início de Novembro de 2006, vive-se já com a ansiedade do que pode vir a acontecer no próximo Inverno. “Já não falta muito para ele chegar”, lembra Fernando Graça (PS), presidente da junta de freguesia. A ribeira de Seiça, um dos vários pequenos cursos de água que atravessam a região, mostra-se agora lenta e debilitada. Quase não se consegue ver a água que leva devido à densidade da vegetação. As ervas e o mato que a acompanham junto à nova ponte da Sabacheira tapam quase por completo a linha de água. “Isto foi tudo limpo depois das cheias pelas máquinas da câmara, mas já cresceu tudo outra vez. Se vierem chuvas como as do ano passado é outra desgraça”, sentencia o autarca da freguesia. Ali perto, na “Tasca do Maloio”, Arlete Nunes entristece-se com a memória do que se passou na manhã de 4 de Novembro. Quarenta e nove ovelhas do rebanho que mantinha guardado no curral, situado na cave do estabelecimento, morreram afogadas. “As águas da ribeira cresceram tanto e tão depressa que eu ia lá ficando quando tentei salvar os animais”, lembra. Ela e o marido, com a ajuda dos bombeiros de Tomar, conseguiram salvar apenas dez. “Ainda há poucos dias conheci o bombeiro que me salvou as ovelhas. Foi um herói!”. Arlete Nunes desistiu de criar mais animais, apenas mantém as ovelhas que sobreviveram. Quando olha para o denso arvoredo que agora tapa o curso de água, lamenta que as autoridades competentes não limpem o local antes do próximo Inverno.O responsável pela protecção civil municipal lembra que grande parte do problema naquele local está ligada ao facto de existirem habitações construídas em leito de cheia. “As pessoas muitas vezes não compreendem que os maiores problemas são consequência de erros humanos”. Casimiro Serra sublinha ainda que, segundo a legislação em vigor, cabe aos proprietários dos terrenos fazerem a limpeza dos locais. Por directivas do INAG – Instituto Nacional da Água, as câmaras só podem intervir nos cursos de água em meio urbano. No caso de Tomar, a autarquia só pode realizar limpezas na parte do rio Nabão que atravessa a cidade.O responsável admite que existem vários pontos críticos nas linhas de água existentes no concelho. “Todos eles estão identificados e fazem parte das propostas de intervenção apresentadas ao executivo da autarquia”. No entanto, a maior preocupação do responsável concentra-se no Nabão. “Quem desce o rio de barco, para baixo da cidade, encontra de tudo: máquinas de lavar, frigoríficos, árvores caídas e lixo”. A câmara está de mãos atadas para actuar, já que, segundo o responsável, a competência sobre aquela zona do rio pertence ao INAG.
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