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A mulher que revolucionou os serviços de urbanismo da Câmara de Santarém

Ribatejana e aficionada, Dina Vieira respondeu ao desafio lançado por Moita Flores

Foi chefe de gabinete de Santana Lopes nas câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa. Hoje dirige os renovados serviços de urbanismo da Câmara de Santarém, onde implementou novos métodos de trabalho. Afastou alguns técnicos e recuperou outros porque considera que não há mudança sem rupturas. Com a infância e juventude dividida entre Alcorochel e Azambuja, Dina Vieira assume-se como ribatejana de gema que enfrenta os problemas de caras.

A revolução que Francisco Moita Flores imprimiu nos serviços de urbanismo da Câmara Municipal de Santarém tem um rosto, e por sinal bem agradável. Dina Vieira, a jovem que passou pelas câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa, não deixou créditos por mãos alheias. Pelo menos aos olhos de quem confiou nas suas faculdades. Aliás o autarca escalabitano não se cansa de apontar como modelar a resposta rápida e eficaz que o Departamento de Gestão Urbanística e Ambiente (DGUA) dá actualmente: a resposta aos projectos de obras demora uma média de 24 dias. As más-línguas podem sussurrar que Dina Vieira, 34 anos, caiu de pára-quedas em Santarém com Moita Flores. Mas as coisas não são bem assim. A técnica, formada em Direito, já conhecia bem a cidade ou não fosse ela uma ribatejana de gema. É natural da aldeia de Alcorochel, Torres Novas. Ainda na infância migrou com os pais para Azambuja, onde viveu até aos 19 anos – o pai foi trabalhar para a fábrica da Ford, a mãe é proprietária de uma residencial. Hoje mora em Lisboa com o marido e o filho de sete anos, mas admite a possibilidade de fixar residência na zona de Santarém. “Uma das questões que me fez vir para Santarém trabalhar foi ter aqui na zona muita família. A minha irmã nasceu aqui”. Na sua actividade profissional assume-se como uma líder exigente e motivadora. Adepta de rupturas, afastou das zonas de decisão dois ou três técnicos com muitas responsabilidades em anteriores mandatos e retirou da “prateleira” alguns quadros a quem conferiu novas atribuições e outra motivação. Dina Vieira fala da sua “equipa” com orgulho e conta, à margem da conversa, o fim-de-semana passado na zona do Douro que serviu para fortalecer o espírito de grupo.Tem consciência que os seus métodos criam resistências e podem fomentar algumas animosidades. Pormenores a que não dá relevância quando se trata de atingir os objectivos a que se propõe. Para isso é necessário que lhe dêem autonomia. Gosta de agir com liberdade de movimentos, como os cavalos ou os toiros na lezíria ribatejana de que tanto gosta. Dina Vieira trata de apresentar resultados. É assim a sua relação com Moita Flores, a única pessoa a quem responde hierarquicamente. “Não me vejo a trabalhar com outra pessoa que não seja ele”, atalha. Um pormenor que faz questão de vincar. Ou não garantisse que no dia em que Moita Flores sair da Câmara de Santarém ela segue-lhe os passos. Como fez quando Santana Lopes saiu da Câmara de Lisboa e Carmona Rodrigues foi eleito. Na altura, algumas das chamadas “santanetes” – mulheres colocadas em papéis de chefia por Santana Lopes - ficaram. Dina Vieira diz que não poderia continuar a trabalhar com quem deu uma facada na pessoa que lhe ofereceu oportunidades profissionais para se realizar. “Sou incapaz de trabalhar com pessoas que traem aqueles que os escolheram ou os levaram para o lugar”.Aficionada da festa brava – não falha uma Feira de Maio em Azambuja - é uma pessoa de convicções e que preza a amizade. Mesmo quando os amigos caem em desgraça não os renega. Diz que Pedro Santana Lopes é “um injustiçado”, confessa que não fica aborrecida que a conotem com o ex-primeiro ministro e que lhe chamem “santanete”. Embora ressalve com humor que as chamadas “santanetes” habitualmente tinham o cabelo alourado. E o dela é bem negro. Tal como o vestido justo e arejado que veste nesse dia. Um sinal de que gosta de cuidar da imagem.Sem filiação partidária, Dina Vieira assegura que não é uma técnica engajada politicamente. Prefere apostar nas pessoas e nos projectos. Se Moita Flores tivesse sido eleito por outro partido e a tivesse convidado aceitaria igualmente. “Trabalho com Santana Lopes ou com Moita Flores porque acredito nas qualidades deles”. E até à data não está arrependida. Mesmo sendo obrigada a deslocar-se todos os dias de Lisboa. Está entusiasmada com a vaga de projectos em curso para requalificação urbana da cidade, alguns com as obras já iniciadas outros com trabalhos previstos para breve. Intervenções que vão dar até final do mandato nova cara a zonas como o Campo Sá da Bandeira, à urbanização de São Domingos ou aos jardins da República e das Portas do Sol.Quando o jornalista revela algum cepticismo, recordando que alguns desses projectos são falados há anos sem passarem do papel, garante convicta que agora as coisas vão ser diferentes. Revela até que já fez apostas sobre os prazos de conclusão de algumas obras. E esta mulher, que diz ter aprendido a ser combativa com Pedro Santana Lopes, não aposta para perder.

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