Raquel Martins, de Pontével, fez jus à sua condição militar e desfilou destemida rumo ao título de Rainha das Vindimas do concelho do Cartaxo. A eleição é feita todos os anos entre oito representantes de cada uma das freguesias. Na noite de sábado, 13 de Outubro, foi assinalado o vigésimo aniversário do concurso. Ana Cláudia Martins, de Vale da Pedra e Sara Azevedo foram a 1ª e 2ª dama de honor, respectivamente.Às 21h30 ainda se ajeitam os trajes típicos. Num pequeno espaço transformado em camarim, as oito candidatas ainda estão a ser maquilhadas e penteadas. A boa disposição e ansiedade pairam no ar na noite de sábado, 13 de Outubro, no pavilhão municipal de exposições. Nenhuma das candidatas parece nervosa mas o medo de esquecer alguma das coreografias ou que o salto do sapato se parta no palco são algumas das preocupações das candidatas. Participam principalmente pela curiosidade, pelo convívio e pela oportunidade de dar a conhecer a freguesia natal, mas nem por isso levam o concurso menos a sério. Ajeitam os lenços que levam no cabelo umas às outras e deixam bem claro que ali não há rivalidades. Lá fora o pavilhão começa a encher. Já passa da hora marcada para a celebração dos 20 anos da eleição e o público vai-se instalando nas mesas redondas previamente reservadas. A sala foi enchendo de forma ordeira mas lá fora muita gente esperava para entrar. “Ninguém avisou que este ano tinha que ser com reservas”, comenta-se à entrada. Aos poucos foram entrando mas tiveram de ficar de pé. Às 22h45 as luzes do palco acendem e são recordadas as 19 candidatas vencedoras até então. Entram em palco as candidatas de 2007. Tânia Silva pelo Cartaxo, Marta Pinto pela Ereira, Mónica Pereira de Valada, Sara Azevedo da Lapa, Raquel Martins de Pontével, Ana Martins do Vale da Pedra, Juliana Matos do Vale da Pinta e Joana Cunha de Vila Chã de Ourique são as estrelas da noite. No primeiro desfile envergam um traje típico de vindimeira. As claques manifestam-se, mas sobressai um grupo de apoiantes da representante de Pontével. Cada elemento enverga uma t-shirt com as letras do nome da candidata: Raquel, lia-se. Pelas mesas vão sendo distribuidos bolos, café, chá e sumo. Chega o primeiro intervalo e a actuação do grupo coral Cant'arte. Lá atrás as candidatas preparam o desfile com roupa de passeio. Voltam à passerelle e enquanto desfilam, os apresentadores vão dando a conhecer um pouco de cada uma. Seguem muito seguras e são apenas interrompidas por algumas falhas na luz e no som, o que aconteceu várias vezes ao longo da noite.Parabéns e lágrimas de desilusãoO primeiro prémio da noite é entregue. Aquele que até aqui foi conhecido como Prémio Simpatia passa este ano a ser chamado Prémio Vítor de Sousa numa homenagem ao criador do concurso, que foi relembrado ao longo do serão. A votação foi feita pelas concorrentes durante o jantar que antecedeu o espectáculo. A vencedora foi Raquel Martins, a candidata de 20 anos que representa Pontével. Antes do último desfile sobe ao palco o presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas, que presta homenagem ao falecido Vítor de Sousa e lembra que o concurso é um sinal de união entre todas as freguesias que ajuda a vincar a identidade cartaxeira. Findo o discurso, sobem as candidatas com os trajes de noite para os últimos aplausos. Ainda antes da entrega dos prémios foi chamada ao palco Fátima Mendes, a primeira rainha das vindimas que recordou o seu reinado. O júri sai da sala de votação. Está apurada a vencedora e os apresentadores fazem o suspense habitual. As faixas são entregues pelas vencedoras do ano passado. Sara Azevedo, a candidata da Lapa de 16 anos, recebe a faixa de 2ª dama de honor e Ana Cláudia Martins o título de 1ª dama. Os tambores rufam e Raquel Martins, já detentora do prémio de simpatia, é coroada Rainha das Vindimas de 2007. No final a vencedora não tem mãos a medir com as requisições de familiares e amigos para as fotografias da praxe. “Foi surpreendente. As provas não tinham sido complicadas e apliquei-me, mas não esperava. Agora quero representar o Cartaxo da melhor maneira”, afirma a recruta do Exército na Serra da Carregueira.Ainda se viram algumas lágrimas de desilusão, mas ninguém deixou de dar os parabéns à colega. O público aplaudiu a decisão que foi feita com base não só no desempenho durante o espectáculo, mas também em provas anteriores. A criatividade foi o critério principal na prova escrita e na visita guiada a cada freguesia recordando conhecimentos históricos.