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Indómito Manuel Serra d’Aire

Fiquei há pouco tempo a saber que há autarcas (ou pelo menos um autarca) que sofrem de terríveis insónias quando são alvo de notícias nos jornais onde são expostas as suas contradições entre o que dizem e o que fazem. Eu pensava que os políticos não conseguiam dormir descansados devido às dificuldades financeiras das autarquias, às diatribes da oposição ou mesmo pelo incómodo causado por não conseguirem cumprir muitas das promessas que fizeram na campanha eleitoral. Porque prometer e não cumprir é extremamente penalizador para qualquer espírito temente a Deus. Só que a minha ingenuidade mais uma vez traiu-me. Nunca mais aprendo. Hei-de ter 80 anos e continuar a acreditar que o Homem é um ser que tem vergonha na cara. Enfim, as generalizações têm destes riscos. Afinal de contas há políticos a quem, pelos vistos, só os jornais causam insónias. Políticos habituados a serem venerados, não por que tenham qualquer mérito em especial mas simplesmente porque têm poder. E como os lambe-botas os habituam mal, à mínima contrariedade fazem o número do menino mimado, amuam e vão fazer queixinhas ao papá. Só não percebo o que faz este tipo de gente na vida pública se não tem estômago nem estofo para ser questionada. Não seria melhor dedicarem-se à pesca?Adiante, porque gastar cera com tão ruim defunto não vale a pena. Mal por mal prefiro saudar a corajosa acção da ASAE, que encerrou a cozinha do Hospital de Abrantes, alegadamente por questões técnicas e higieno-sanitárias. Quanto a estas últimas tenho algumas dúvidas quanto à justeza da decisão, já que, como toda a gente sabe, se há sítio onde existe higiene e condições sanitárias é num hospital. Lembras-te do ministro da Saúde até ter obrigado os médicos a lavar as mãos?Já quanto às questões técnicas, não tenho dúvidas que foi de tomates esta acção da ASAE. Tinha de haver alguém a acabar com a ditadura das couves nas ementas hospitalares. E eu sei do que falo, pois vi bem o estado em que vinha o meu primo Tibúrcio depois de lá ter estado internado uns dias. O gajo até vinha verde de tanto legume que lhe enfiaram no bucho. Era de manhã, era ao almoço, era ao jantar. Isto era ele a exagerar, pois ao pequeno-almoço não davam couves cozidas, obviamente. Mas de resto provou de tudo: couve lombarda, coração, de Bruxelas e afins, como brócolos e espinafres. Ficou a perceber mais de couves que o carismático engenheiro Sousa Veloso.Por tudo isto, havia que pôr cobro (como gosto desta expressão!) a essa situação e avançar para uma ementa verdadeiramente saudável e inovadora, onde não deverá faltar o peixe-espada cozido com esparguete, prato que uma empresa propôs para as ementas das escolas de Santarém, provavelmente destinada às crianças que se portam mal. E se têm falta de ideias, dêem um salto ao Festival de Gastronomia de Santarém e recolham alguns tópicos. Uns pezinhos de coentrada ou uma fritada da matança, por exemplo, regados com um bom tinto, fazem milagres…Abraço e votos de bom apetite do Serafim das Neves

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