uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

No reino das novas tecnologias

Antigamente dávamos um saltinho ao banco. Agora vamos lá passar o dia. Principalmente se se tratar da Caixa Geral de Depósitos. Não que o serviço seja pior que noutros bancos mas provavelmente porque tem mais clientes. Ou porque tem clientes diferentes. Não faço a mínima ideia.Não tenho conta na Caixa. Já tive mas pirei-me dali. Não ganhei muito com isso mas foi mesmo assim. Um dia perdia a paciência. Coisas destas acontecem a qualquer um. Mesmo ao Scolari, como se viu. Ainda por cima perdi a paciência num dia em que a coisa até estava a correr bem. Nessa fatídica manhã demorei 32 minutos a ser atendido. Já lá tinha passado bem mais tempo. O meu recorde era de 55 minutitos.A Caixa agora tem excelentes condições de atendimento. E alternativas. Depósitos expresso, máquinas para consulta de saldos de cadernetas, balcões diferenciados, senhas para evitar filas, cadeiras confortáveis para as longas esperas, quadro electrónico para acompanharmos o evoluir da situação, etc, etc, etc. Apesar disso não consegue afastar clientes dos balcões. Porque são clientes de outros tempos. Daqueles que não sabem lidar com novas tecnologias. Daqueles que, mesmo sabendo, gostam de ver a cara de quem os atende. Daqueles que têm muito tempo livre por terem passado à reforma.Não sei se ainda está na Caixa aquele senhor Vara, amigo do Primeiro-Ministro. Se está deve pôr os olhinhos no Governo. Aplicar à instituição um simplex para aquela gente. Meter-lhes um chip nas cadernetas, reciclá-la, desligar o aquecimento no Inverno, ligá-lo no Verão. Os balcões dos bancos são para fechar. Os dos bancos e os outros. Para diminuir custos com funcionários. Para fazer crescer as nossas contas do telefone. Para fazer crescer as vendas de computadores e de ligações à Internet. Hoje estive 40 minutos, sentado numa cadeira a olhar para um ecrã onde em vez do programa da Júlia Pinheiro passavam números de senhas e de guichets. Estou a ficar velho. Descuido-me e sou abatido ao efectivo.Este país só vai lá quando desaparecerem todos os marretas como eu. Quando tudo for tratado pela net e pelo telefone. Quando já não houver rostos mas apenas vozes de computadores que nos mandam inserir o user name e a password, ou o código da área de residência. Quando o próprio governo fizer inaugurações por vídeo-conferência…sem som de retorno para não ouvir os protestos, pois claro!João Nick Name

Mais Notícias

    A carregar...