uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Jovem fadista de Alhandra ganhou a Grande Noite do Fado

Jovem fadista de Alhandra ganhou a Grande Noite do Fado

Elsa Casanova herdou do pai e dos tios o gosto pela canção nacional

A tradição manteve-se e os fadistas ribatejanos voltaram a triunfar no maior concurso nacional de fado.

Mora em Alhandra a vencedora da 56ª Edição da Grande Noite do Fado, em seniores femininos, concurso que se realizou a 20 de Outubro no Fórum de Lisboa (antigo cinema Roma). Aos 18 anos, Elsa Casanova viu a sua dedicação subir bem alto ao conquistar o maior trofeu da sua curta carreira, pela sua interpretação de “O Fado, A Guitarra e Eu”, na música do fado Adriano. Elsa Casanova foi uma das seis finalistas. Tinha a noção que as outras concorrentes tinham vozes boas, por isso sabia que era difícil ganhar. “Foi uma surpresa, não estava à espera”, afirma a fadista, que conta um episódio curioso que teve no mundo da televisão quando há pouco tempo foi com o pai José cantar Phil Collins ao Família Superstar, “reality show” da SIC. “Tínhamos concorrido como família aos ‘castings’ do programa, mas não chegámos à final. Ironia do destino, convidaram-nos posteriormente por intermédio de Fernanda Curado para cantar o fado no Palácio do Sobralinho, local onde decorre o programa. Nem sabiam que tínhamos sido concorrentes”, descreve Elsa Casanova, que tem já o estatuto para cobrar “cachets” em alguns espectáculos, excepto os de beneficência. O fado surgiu na sua vida há quatro anos. Iniciou-se nos ensaios na Associação Escola de Fado Alverquense, tendo inclusive integrado alguns espectáculos pela instituição. Mudou por divergências que afirma “já foram ultrapassadas”, tendo transitado um ano depois para a Escola de Fado Amador e Criativo de Alverca. Frequenta a escola uma vez por semana. “Serve para limar arestas em termos de dicção, respiração e tirar tons, porque o fado não se ensina, nem se aprende. Nasce connosco”, atesta o pai José Casanova, 59 anos. Elsa Casanova é oriunda de uma família de fadistas. Chama-se na verdade Elsa Martins. É o que consta no Bilhete de Identidade. Adoptou à semelhança da família o nome artístico Casanova em homenagem ao tio Florival Martins, que costumava comprar roupas na camisaria Casanova. O outro tio, João Casanova, é profissional de fado, juntamente com a esposa Odete Jorge. São os padrinhos de fado de Elsa. Depois, tem o pai, José Casanova, que canta como amador. “Se houver oportunidades quero seguir o mundo do fado”, afirma Elsa, que tem como fã Marina Mota. “Adoro ouvi-la”, sintetiza. “Começou assim. Veio muitas vezes a Alhandra actuar ao restaurante típico Cantinho da Saudade, tinha ela cerca de 14 anos”, recorda a mãe Lília Martins, 49 anos, ao falar de Marina Mota. Também o nome Amália Rodrigues é para Elsa “aquela referência universal no mundo do fado”. É um peso pesado do fado que serve também como referência para a fadista de Alhandra. Ao falar do futuro, afirma que é requisitada para actuar pelo país fora, estando a ser negociada uma actuação na ilha de S. Miguel, Açores. Para o ano estará na forja o lançamento de um CD. Concorreu também ao projecto Amor e Pecado, relacionado com o fado, do compositor João Gil e do poeta João Monge. “Querem fazer um CD para ser lançado no mercado e precisam de uma voz feminina. Integrei o ‘casting’ e estou à espera do resultado. Tanto pode dar, como pode não dar”, salientou a fadista que é auxiliar de acção educativa na Fundação CEBI, em Alverca. Elsa Casanova vive tempos de euforia. Na hora de glória também não esquece o papel dos professores no seu percurso. Está por isso grata a Jacinto Carminho, Manuel e Fernando Gomes, e ao actual professor, José Ramos.A fadista de Alhandra deu continuidade à onda vitoriosa dos fadistas ribatejanos. Marta Rosa de Alverca (2004), Marco Alexandre (1999) e Vasco Rafael (2005), ambos do Porto Alto, Samora Correia também venceram o troféu de melhor fadista nos anos em que concorreram.Casimira Alves começou a cantar a sério no ano passado e ficou em segundo lugarDá pelo nome de Casimira Alves a segunda classificada em seniores femininos da Grande Noite do Fado. Reside em Alpiarça e trabalha em Almeirim. Tem 45 anos e esteve durante três décadas imigrada na França. Nunca tinha actuado em público. Atrevia-se apenas a cantar em privado, em casa ou sozinha. O regresso a Portugal, há cerca de quatro anos, puxou-lhe para tentar a sua sorte. Afirma que sentiu com mais intensidade o fado, pela nostalgia e saudades que sempre teve de Portugal enquanto vivia em França. É essa energia e emoção que pretende sempre passar para o público. Casimira Alves começou a cantar a sério o fado no ano passado em um concurso na Golegã, tendo atingindo a final do certame que se prolongou até Maio de 2007. Actua desde então na região e afirma que tem muita sorte de encontrar bons e generosíssimos músicos que lhe transmitem apoio e emoção quando canta o fado. Luís Petisca, Tiago Silva, Rodrigo Serrão e Pedro Amendoeira são alguns dos nomes.
Jovem fadista de Alhandra ganhou a Grande Noite do Fado

Mais Notícias

    A carregar...