Moita Flores não acredita que o Governo recue na opção Ota para o novo aeroporto
O equipamento terá "impactos importantíssimos" em Santarém independentemente da localização
O presidente da Câmara Municipal de Santarém considera que se o primeiro-ministro voltar atrás numa decisão que assumiu publicamente como irreversível e optar pela construção do aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete entrará numa "contradição profunda"."O primeiro-ministro assumiu perante o país que o novo aeroporto internacional de Lisboa seria na Ota. Disse na RTP, todo o país ouviu, que essa decisão era irreversível. Se agora for para Alcochete, [José Sócrates] terá de se explicar muito bem", afirmou Francisco Moita Flores à agência Lusa. O autarca disse não ter dúvidas que essa "contradição profunda" será usada para "desgastar" o Governo.Para Moita Flores, o estudo da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), divulgado a semana passada, ajuda "a perceber melhor" as vantagens da construção do aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, pela rede de acessibilidades que lhe é associado, e dá "homogeneidade" à Região de Lisboa e Vale do Tejo. No seu entender, o novo aeroporto internacional de Lisboa terá "impactos importantíssimos" em Santarém, quer seja construído na área actualmente ocupada pelo Campo de Tiro de Alcochete (nos concelhos de Benavente e Montijo), quer seja na Ota (Alenquer).Contudo, o estudo da CIP deixou claro que a acessibilidade Norte mais próxima do aeroporto, se este ficar na margem esquerda do Tejo, é Santarém, afirmou. Considerando que os defensores da opção Alcochete "têm trabalhado", enquanto o chamado lobby pró-Ota tem estado "de braços cruzados", o que leva a que "cada vez mais" se tenda para a localização na margem esquerda, Moita Flores frisou que, caso isso aconteça, há que acautelar devidamente a questão da enorme reserva natural situada naquela zona.Quanto à proposta da CIP de um novo traçado para o TGV, que passaria pelo aeroporto seguindo pela margem esquerda do Tejo até Santarém, onde atravessaria o rio e seria construída uma estação, Moita Flores não acredita que isso venha a acontecer. "Só uma hecatombe faria o Governo recuar na Ota e também no TGV", disse, sublinhando que na óptica de Santarém obviamente que seria defensor dessa solução. Mas "olhando com ponderação o interesse nacional" não lhe parece que seja defensável.Sublinhando que o processo do TGV já vai muito avançado, o autarca afirmou que a solução que a Refer (Rede Ferroviária Nacional) está a encontrar para Santarém "é a melhor", ligando a cidade a todo o país. A Refer, com cujos técnicos se reuniu na semana passada, vai avançar com o estudo de impacte ambiental para a variante da linha de caminho-de-ferro do Norte junto a Santarém (um desvio que retira a circulação ferroviária da sensível zona ribeirinha da cidade e que criará uma nova estação na Portela das Padeiras).Segundo disse, o grupo que tem estado a trabalhar este projecto tem tido "grande cautela" para não chocar com os interesses das populações, tendo aceite "praticamente todas as sugestões" apresentadas durante o período de consulta pública.
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