PCP distribuiu "esclarecimento" à população de Santarém sobre a militante Luísa Mesquita
Deputada diz que se trata de uma "escalada planificada de assassinato político e enxovalho público"
O PCP distribuiu à população de Santarém um "esclarecimento" sobre a situação da deputada e vereadora na Câmara Municipal local Luísa Mesquita, um panfleto que esta disse à agência Lusa estar repleto de "falsidades". O "esclarecimento", impresso numa folha A5, foi distribuído nas ruas da cidade na tarde de 31 de Outubro e justifica a retirada de confiança política a Luísa Mesquita na Assembleia da República e na Câmara Municipal de Santarém com o "desrespeito" dos "princípios estatutários do partido a que voluntariamente aderiu e a violação de compromissos políticos e éticos por ela assumidos".Para Luísa Mesquita, este comunicado, o primeiro no âmbito deste processo que o PCP distribui à população "exactamente no concelho e no distrito" nos quais foi eleita, corresponde a uma "escalada planificada de assassinato político e enxovalho público".A deputada e vereadora lamentou que, depois da instauração da democracia em Portugal, ainda existam pessoas, muitas das quais a conheceram muito de perto, "com tanta dificuldade em lidar com o processo democrático", estando disponíveis para distribuir o panfleto e escrever o que ele contém.Assinado pela Direcção da Organização Regional de Santarém (DORSA), o comunicado acusa Luísa Mesquita de se ter "auto-excluído" do partido, "optando por dinamizar agenda, iniciativas e propostas individuais", e de, "em contraste com o silêncio do PCP", não se ter "coibido de prestar abundantes declarações públicas de afrontamento ao partido que ainda integra".Luísa Mesquita contesta, assegurando que sempre falou depois de manifestações do PCP, tanto em Novembro de 2006, quando lhe foi retirada a confiança política no Parlamento na sequência da sua recusa em deixar o lugar de deputada em nome da "renovação", como depois das Jornadas Parlamentares (há cerca de um mês), em que foi acusada de ter preparado uma agenda paralela na área da Educação, o que, disse, "é mentira".A outra situação, adiantou, foi no passado dia 24 de Outubro, quando a "arrecadaram" numa sala enquanto a direcção do partido comunicava aos jornalistas a decisão de lhe retirar a totalidade da confiança política (incluindo enquanto vereadora na Câmara de Santarém). "Foi indigno, pouco sério, sem lisura, arrecadarem-me numa sala e, nas costas de uma pessoa que trabalhou para o colectivo durante 30 anos, comunicarem aos jornalistas uma decisão que, em momento algum, me referiram nessa reunião", disse.Para Luísa Mesquita, esse foi o momento em que "todas as dúvidas se dissiparam" e percebeu que estava perante uma direcção que "é capaz de fazer tudo sem olhar a meios", com recurso a práticas que "não imaginaria possível e fazem lembrar velhos tempos"."Se o comunicado (distribuído à população) tivesse surgido há um ano a ofensa seria profunda, mas para que nos ofendam é preciso que ainda acreditemos nos que nos querem ofender e isso já não me diz nada", afirmou. O comunicado termina com a garantia de que "a população do distrito continuará a poder contar com a proposta e a iniciativa do PCP na Assembleia da República, como de resto tem acontecido ao longo deste ano".Para Luísa Mesquita, esta é mais uma contradição do PCP, que a critica por ter desenvolvido trabalho parlamentar em várias regiões do país, mas que não se coibiu de "agarrar em meia dúzia de deputados, que se prestaram a fazê-lo, e pô-los a fazer requerimentos e visitas" ao distrito pelo qual foi eleita.
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