A Fábrica da Robert Bosch comemorou terça-feira 25 anos de existência em Alferrarede, Abrantes, cerimónia que contou com a presença simbólica do general Ramalho Eanes que, enquanto presidente da República, inaugurou em 1982 as instalações da unidade fabril. Um quarto de século existência traduzido no aumento da capacidade produtiva, na fidelização de fornecedores e clientes e na qualidade do produto final.Pioneira na fabricação de travões de tambor para o sector automóvel, a Robert Bosch comemorou também este ano um número recorde de produção – 55 milhões de travões, o que dá uma média de 12 mil travões produzidos por dia. A empresa, que começou por ser uma filial do grupo Bendix, foi sofrendo alterações accionistas até à data, sem que a mudança de mãos tivesse trazido alguma instabilidade interna. No ano da ampliação da fábrica, em 1993, a unidade foi adquirida pela AlliedSignal Automotive que, por sua vez, em 1996, seria comprada pelo grupo Bosch.Nos últimos sete anos a Robert Bosch registou um acréscimo acentuado na produção e recebeu novos clientes depois de, no início da década, o grupo alemão ter transferido a produção da fábrica francesa para a unidade de Abrantes. Foi também nestes últimos anos que a unidade alargou o seu leque de clientes a marcas como a Fiat, Toyota e Suzuki, após ter começado a funcionar com a Peugeot, Renault e Ford.A angariação de novos clientes, a par da obtenção de todas as certificações de qualidade específicas para o sector levou o general Ramalho Eanes, no seu discurso, a salientar a excelência dos produtos e a qualidade do processo de fabrico oferecidos pela Bosch que, segundo o ex-governante, se ficam a dever em grande medida ao empenho e mobilização dos actuais 220 trabalhadores.“Este é um investimento que vale por si mas vai para além disso”, disse por sua vez o secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação, Castro Guerra, recordando a história do sector automóvel em Portugal desde a década de 60 do século passado e lembrando que das 23 linhas de montagem existentes em 1979, restam apenas cinco, das quais três estão vocacionadas para veículos comerciais.Ao longo dos anos a Robert Bosch soube vencer as dificuldades inerentes a um sector pouco desenvolvido em Portugal. Hoje exporta a totalidade da sua produção fundamentalmente para a Europa, com forte incidência nos países de Leste, que absorvem 50 por cento dessa produção. China, Turquia, Brasil e Colômbia são outros países para onde a unidade fabril de Alferrarede envia o seu produto, continuando no entanto a ter como fornecedores empresas de base ibérica (Portugal e Espanha).Além dos pioneiros travões de tambor a fábrica iniciou em 2004 a fabricação de travões de estacionamento para a Toyota e é quase auto-suficiente, produzindo ela própria muitos dos componentes utilizados na fabricação dos tipos de travões que comercializa.Um símbolo de pujança empresarial e económica num cluster que poderá ser ainda mais consolidado, como lembrou o secretário de Estado, com investimentos no âmbito do próximo Quadra Estratégico de Referência Nacional (QREN). “A torneira abriu há dois dias, agora é aproveitá-la”, disse Castro Guerra.