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A alegria e a angústia depois do transplante

O que mudou na sua vida após a intervenção cirúrgica a que foi submetido?Acho que reforçou ainda mais a alegria de viver. Ajudou a arrumar certas coisas nas prateleiras certas. É impossível não valorizar ainda mais laços familiares, laços de camaradagem, de amizade. E também de poder partilhar a minha experiência com outros. Actualmente sou dirigente da Associação Portuguesa de Doentes de Paramiloidose.É uma experiência gratificante.Já dava apoio, mas hoje sinto que com o conhecimento de causa tenho muito mais gozo em partilhar com os que estão em vésperas de irem para transplante. Foi talvez a experiência mais rica que tive na minha vida do ponto de vista humano. Foi passar o Natal no hospital, foi uma perspectiva por dentro do sistema de saúde que muitas vezes cá de fora não se tem…Como é que aprendeu a lidar com essa doença?A paramiloidose ou doença dos pezinhos está na minha família há muitos anos. Tem origem no norte do país, o que leva a crer que devo ter antepassados nessa zona. Infelizmente tem alastrado pela família toda. É hereditária e já causou alguns danos na família, com algumas mortes. Felizmente a ciência evoluiu e há uma grande expectativa relativamente a um medicamento que não obrigue ao transplante do fígado. Como é viver com um órgão de outra pessoa?É inevitável um sentimento de alguma angústia. Porque na noite em que tive o órgão houve uma família que chorou alguém. Isso é inseparável. Mas uma das coisas ricas que trouxe disto tudo foi que também tive a capacidade de doar o meu órgão a outra pessoa, com quem hoje mantenho uma relação de amizade muito próxima.

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