“Este orçamento rompe com o caminho que estávamos a prosseguir”
A concelhia do PS do Cartaxo retirou-lhe a confiança política. Não é desconfortável para si essa situação, tendo em conta que exerce funções de adjunto de um secretário de Estado de um Governo socialista?As coisas devem ser separadas. Aquilo que vou continuar a fazer é ser coerente com o projecto pelo qual fui eleito. Por um projecto político pelo qual dei a cara e muitos contributos. É na defesa desse projecto que estou a tomar as posições.Considera então que esse projecto autárquico foi desvirtuado, já que votou contra o orçamento?Acho que este orçamento rompe com o caminho que estávamos a prosseguir ao longo destes últimos anos.O que mudou assim tão radicalmente?Essencialmente foi um conjunto de opções que não vão de encontro à linha que vínhamos a seguir, que tem a ver com uma linha de sustentabilidade financeira que Francisco Pereira imprimiu aquando do mandato de Conde Rodrigues, mas que já vinha sendo prosseguida pelos mandatos de Renato Campos.Que posição espera que tomem os órgãos distritais e nacionais a quem foi comunicada a decisão do PS/Cartaxo?No comunicado que li do PS vi que havia da minha parte violação dos estatutos do Partido Socialista. Não consigo encontrar qualquer tipo de violação. O que manifestei em comunicado foi a minha estranheza por a proposta do orçamento não ter sido levada à comissão política. E era aí, com os presidentes das juntas de freguesia e com os eleitos da assembleia municipal, que cada um dava os seus contributos.Não foi ouvido durante a fase de elaboração do orçamento da Câmara do Cartaxo?Nem eu nem nenhum militante do PS foi convocado para ser ouvido. Se tivesse havido bom senso o orçamento não teria sido chumbado.O presidente acabou por negociar com o PSD, para garantir a aprovação do orçamento, em vez de recorrer a si…É uma opção. Não gosto de me imiscuir na vida interna de outros partidos, mas penso que o PSD quando viabilizou esta proposta de orçamento é porque achou que vai ao encontro das suas opções políticas.Não ficou melindrado por não ser tido nem achado nesse processo?Não tenho que ficar melindrado. Acho preocupante é um conjunto de sinais que têm vindo a ser somados ao nível da governação nos últimos meses, que têm criado instabilidade. Havia uma tradição de estabilidade política dentro das equipas do PS que já foi rompida no anterior mandato e tem vindo a ser prosseguida neste. Nunca houve na história do PS no concelho do Cartaxo vereadores a saírem a meio do mandato da forma como saíram. Também o meu processo foi completamente atípico. Neste mandato seis ou sete deputados municipais já pediram renúncia ao mandato…Teve oportunidade de expressar essas preocupações logo na altura?Sim. Transmiti que era muito importante nortearmo-nos todos pelos mesmos princípios e pelos mesmos valores para que estas coisas não acontecessem.Diz que se candidatou em nome da união do PS mas terá consciência que ao anunciar essa decisão estava a afrontar o actual líder da concelhia.Não vejo a política como uma afronta. A decisão de me candidatar consolidou-se na primeira reunião de secretariado em que participei após a baixa, em que houve unanimidade em fazer um balanço negativo. Ouviu-se nessa reunião que era um partido fechado, sem dinâmica. Foi colocada a questão da compatibilidade das funções de presidente da câmara e da concelhia…E o que pensa disso?Acho que é possível um presidente da câmara ser presidente da concelhia desde que delegue funções, tenha capacidade de liderança para formar uma equipa e atribuir-lhe um conjunto de responsabilidades.Isso não acontecia?Não acontecia. Aliás, ninguém se lembra de uma iniciativa do PS a não ser de vez em quando organizar um jantar de Natal.O senhor era o número dois da lista. Também tem alguma responsabilidade nesse estado de coisas.Tenho e nunca as enjeitei. Sempre disse que o que me dava legitimidade para tomar esta posição é que sempre fui o primeiro a dizer que estávamos sem dinâmica e que tínhamos de nos virar para fora.
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