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Atlético Clube de Pernes há 65 anos ao serviço da população da vila

Um clube que nasceu para que os jovens fugissem à intransigência do Regedor

Decorria o ano de 1943, no auge da II Grande Guerra, quando um grupo de jovens da vila de Pernes ia jogar a bola para o Largo do Rossio. O autoritário Regedor de então, cada vez que os apanhava ali a dar uns pontapés na bola de trapos ou na bexiga de porco, tratava de as apanhar e com uma navalha cortá-las. Não queria “futebóis” no largo.

Mas aquele grupo de 14 ou 15 jovens queria mesmo jogar a bola. Era para aquecer. Mas queriam jogar a todo o custo. A cena do corte da bola repetiu-se durante algum tempo, até que um dia os jovens resolveram sair dali para outro lado, trataram de arranjar um campo e fundaram o Clube Atlético de Pernes, que até hoje tem estado, umas vezes melhor outras pior, ao serviço da população.Pedro Teopisto é o actual presidente da direcção. Uma direcção que tem apenas três elementos, mas conta com a ajuda de mais uma dúzia de amigos do clube para o poder ter a girar. “O Atlético de Pernes é um clube curioso, nunca foi a colectividade mais querida da população. Pernes foi sempre uma vila mais ligada às actividades artísticas e culturais do que ao desporto, e as grandes colectividades, aquelas onde havia efectivamente rivalidade eram, e são de algum modo ainda, a Música Velha e a Música Nova. Cada uma delas tinha uma banda filarmónica, havia duas festas uma de cada colectividade e era aí que havia a grande rivalidade. O Atlético viveu sempre um pouco na sombra dessas colectividades”, referiu o presidente.Contudo o Atlético nunca deixou de trabalhar. Foi girando e proporcionando a possibilidade de fazer desporto a muitas centenas de jovens. “Umas vezes com mais regularidade outras mais na penumbra, mas nunca parou por completo”, garantiu Pedro Teopisto.Mesmo lutando com todas as dificuldades comuns a todas as colectividades dedicadas à área desportiva e ainda às dificuldades que advinham do facto de não ser a mais querida da população, o Atlético de Pernes conseguiu alguns feitos relevantes. “Estivemos alguns anos na divisão maior do futebol do distrito de Santarém e tivemos uma equipa de juniores que se sagrou campeã distrital da segunda divisão. Para um clube tão pequeno como é o nosso, são feitos que se tornam muito grandes”, diz com algum orgulho o presidente.Infelizmente isso não trouxe mais gente para o clube. As maiores dificuldades têm a ver com a dificuldade em encontrar pessoas que o ajudem a dirigir. “Esta direcção tem levado a cabo um processo que tem dado alguns frutos, mas é preciso mais”, refere Pedro Teopisto.“Começámos com o futebol mais jovem, a nível de escolas, e no início tínhamos 13 ou 14 jovens. Hoje temos mais de 60 jovens entre as escolinhas, escolas e infantis, e isso tem sido decisivo para uma muito maior aproximação do clube às pessoas e das pessoas ao clube”, referiu o presidente. Foi um grande pulo para uma terra tão pequena e que não estava preparada enquanto realidade clubística para isso. “As crianças acabaram por puxar os pais para o clube, mas o seu acompanhamento ainda não é o ideal. Contudo é maior, e nós reconhecemos que vivendo num meio rural como vivemos, não é muito fácil conseguir um maior acompanhamento das pessoas”, garantiu o dirigente.“Mas estamos a trabalhar bem, temos nesta altura em movimento e ainda só no futebol, cerca de 130 atletas. “Para um clube como o Pernes, de uma vila pequena e onde não há muita riqueza, é quase heróico o trabalho que realizamos”, diz Pedro Teopisto, que faz questão de dizer que ele próprio e os restantes directores estão no clube porque ali têm filhos a jogar.Agora a sua luta passa por dar melhores condições de trabalho aos treinadores e aos jovens jogadores. “Temos conseguido ir fazendo alguns melhoramentos no Campo do Livramento, mas precisávamos de uma carrinha, e sobretudo de ver o campo com um piso sintético”, diz com alguma dúvida de ver estas acções satisfeitas a curto prazo.Os sócios pagantes são poucos, este ano avançaram com a campanha para que os atletas e os pais se façam sócios. Têm tido algum acolhimento e nesta altura terão cerca de três centenas de sócios pagantes. Nesta altura o clube desenvolve exclusivamente o futebol, mas está em formação de uma equipa feminina de basquetebol. “Estamos a trabalhar já temos o aval da Escola D. João I para usar o polivalente descoberto, e dos bombeiros para utilizar o ginásio. Acredito que durante o ano de 2008 o basquetebol feminino esteja activo em Pernes”, garantiu o ente Pedro Teopisto.Para o desenvolvimento do basquetebol ou de outras modalidades de salão, o clube conta com a já anunciada construção do pavilhão desportivo na Escola D. João I. “Sabemos que tem o início da sua construção previsto para 2008. Será sem dúvida mais uma boa forma de ajudar a desenvolver o desporto em Pernes, porque sabemos que será também utilizado pela população”, disse com entusiasmo o presidente do Atlético de Pernes.Mas todas as dificuldades que tem que ultrapassar não demovem a vontade de trabalhar da direcção do Atlético de Pernes. Uma direcção que sabe ser agradecida a quem os ajuda, e neste caso destaca a Junta de Freguesia de Pernes, a Câmara Municipal de Santarém e a Santa Casa da Misericórdia Fundação Comendador José Gonçalves Pereira.Por isso neste momento estão a trabalhar para a festa do 65º aniversário, que vai decorrer no dia 5 de Janeiro de 2008, e onde para além dos jogos de futebol de todas as categorias do clube, serão homenageados todos os sócios beneméritos, directores, colaboradores e jogadores. “Durante o jantar de aniversário que se realiza no dia 5, iremos também apresentar o Hino do Atlético, com música do Maestro Santos Rosa e letra de Vicente Batalha. Tenho a certeza que vai ser uma noite inesquecível na vida do Atlético de Pernes”, diz com entusiasmo Pedro Teopisto.

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