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Manuel Custódio nunca foi jogador de futebol mas manteve sempre o Atlético de Pernes na sua vida

Conjuntamente com Guilherme Gonçalves são os únicos fundadores ainda vivos
Manuel Custódio e Guilherme Gonçalves são os únicos elementos do grupo de fundadores do Atlético de Pernes ainda vivos. Manuel Custódio tem 84 anos, mas mostra uma memória extraordinária, e uma amizade pelo Atlético de Pernes que o leva a falar com emoção do clube e depois de ter estado imigrado durante 20 anos regressou e uma das primeiras coisas que fez foi saber quanto é que devia de cotas desses anos todos e pagou. “Nunca quis deixar de ser sócio, por isso só tinha que pagar o que devia, e fi-lo com grande orgulho”, diz com emoção.Manuel Custódio fazia parte do grupo que ia para o Largo do Rossio jogar a bola. “Fazia parte do grupo mas não jogava”. Mas isso não impediu que na hora de formar o Atlético de Pernes não fosse dos mais activos. “Fui um dos que fui à frente do grupo pedir à D. Maria Martins, que nos deixasse jogar no terreno onde hoje é o Campo do Livramento”, referiu.“A autorização foi-nos dada, mas o terreno estava muito esburacado, os tufeiros arrancavam lá os tufos para fazer as casas. Por isso era necessário endireitar aquilo tudo. Alguns do grupo desanimaram, mas eu saltei para a frente, coloquei a minha carroça e a mula à disposição, procurámos um cilindro, e no dia seguinte estávamos todos no Livramento, uns com picaretas e enxadas, eu com a carroça, e pusemos mãos à obra e assim nasceu um campo rudimentar. Mas que servia para nos entretermos, uns a jogar a bola outros a brincar com aqueles que não sabiam dar dois pontapés com jeito”, disse entusiasmado Manuel Custódio.Depois de ter o campo arranjado, o grupo que se reunia numa taverna e numa casita velha que havia no centro da vila. “Foi aí que decidimos oficializar o clube, fizemo-lo, e depois fomos pedir um espaço ao Doutor Mendes, um espaço para uma nova sede, que nos foi cedido, e onde estivemos durante muitos anos.Ao longo de todos estes anos Manuel Custódio tem sido um amigo do Atlético Clube de Pernes, e é uma amizade que faz questão de dizer que é ao clube. “Não tem nada a ver com a vila, esse é outro amor. O Atlético faz parte da minha vida e nunca deixarei de ajudar naquilo que posso”, garantiu.“Quando estava no estrangeiro, pensava muito no Atlético e na rapaziada amiga, fui sempre ajudando, e quando regressei soube com tristeza que um director para comprar uma camioneta velha, que rapidamente ficou parada, tinha entregue a sede. Dispus-me logo a ajudar a resolver esse problema, e no dia em que fomos falar com a senhora Provedora da Misericórdia para nos ceder o espaço para a nova sede, lá estava eu na frente do grupo”, disse com grande entusiasmo Manuel Custódio.Foi também Manuel Custódio que deu o dinheiro para comprar as primeiras camisolas para o equipamento do Atlético de Pernes. “Foi um pouco às escondidas, arranjei o dinheiro e pedi a um jogador que trabalhava em Lisboa para as comprar. Foi uma festa o dia da estreia”, referiu.Mas Manuel Custódio sente que toda esta amizade ao Atlético de Pernes é reconhecida. “Sei que sou reconhecido, em qualquer actividade do clube o primeiro convite é-me sempre dirigido e eu faço questão de estar presente”, garantiu.Ao contrário de Manuel Custódio, Guilherme Gonçalves esteve alguns anos afastado do Atlético de Pernes mas não foi por sua culpa, “Foi um director que por ali passou que me riscou a mim e a outros sócios antigos, sem nos dizer nada. Mas depois desse director ter saído voltei e continuo a ser sócio”, disse Guilherme Gonçalves, que ainda representou oficialmente o Atlético de Pernes como jogador de futebol.

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