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Renovado Serafim das Neves

Lembro-me de um professor de Química meio maluco que pouco ou nada me ensinou daquilo que fazia parte do programa, porque eu resisti heroicamente, mas que me deu algumas dicas sobre a forma como o mundo funciona. Ele era um pragmático no estado puro. Não se perdia muito em terias. Preferia a prática. O exemplo. O choque com a realidade como forma de endurecer as nossas mentes tenrinhas. Um dia estávamos todos à volta da secretária, como moscas, a observar uma experiência. O momento era delicado. Ele estava a lidar com uma substância tipo fósforo e já tinha avisado para tirarmos as mãos de cima da bancada, ordem que ninguém acatou. Perante tal indisciplina ele pegou naquela ferramenta pessoal que temos logo abaixo da barriga e zás, poisou-a em cima das mãos do que estava mais próximo. Embora o material estivesse embrulhado no tecido das cuecas e das calças não houve mais mãos em cima da bancada até ao fim da aula. Até ao fim do ano. Até ao fim do curso.Lembrei-me dele por causa da entrevista do vereador da câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro, e de como o seu caso pode ser usado para provar a teoria do Governo sobre o emprego em Portugal. Um dia o tal docente meio indecente, que era completamente careca, encarou-me de frente e, olhos nos olhos, perguntou-me, de chofre: “Você acha que eu tenho cabelo?”. Ao fim de algum tempo consegui balbuciar um tímido não. O homem alçou a perna, colocou uma das suas enormes patorras em cima da minha carteira e arregaçou as calças até ao joelho pondo à vista da espantada turma uma tíbia mais peluda que a cabeça de um vocalista de uma banda de heavy-metal. “Ter cabelo tenho. Está é mal distribuído!” exclamou triunfante. Com os empregos passa-se o mesmo. Ainda por aí muita gente a ver navios mas o Pedro Ribeiro tem quantos quer. Um num banco, que está sempre assegurado, e outros na política que ele vai usando à medida das necessidades. Primeiro foi vice-presidente da câmara do Cartaxo. Aquilo dá umas massas, como sabes. Quando lhe tiraram os pelouros voltou ao banco mas nem chegou a aquecer a cadeira porque, dias depois, já estava de partida para o gabinete do seu padrinho ideológico e secretário de Estado da Justiça, Conde Rodrigues, para o servir como adjunto. Perante isto quem não exclamará, como o meu saudoso professor de Química: “Empregos há. Estão é mal distribuídos!”No teu último e-mail já abordavas a faceta milagreira do Governo citando o caso da multiplicação das regiões de turismo que, das cinco previstas já passaram a 10 e que, se Deus quiser, irão chegar às 19 actuais…ou mesmo às 29. É por estas e por outras que a oposição em Portugal não tem crédito nem votos. Um dia estão a bramar contra a falta de emprego. Logo que o senhor Sócrates cria emprego desatam a bramar contra empregos a mais. Que raio de gente esta?!! Nunca sabe o que quer!!! Quem sabe muito bem o que quer é o Engº Paiva. Tudo o que lhe permita pirar-se da Câmara de Tomar lhe serve. Primeiro bazou para Estrasburgo, para o Comité das Regiões. Agora para Coimbra para a Gestão do Programa Operacional do Centro. E como eu o compreendo! Se eu tivesse à perna uma oposição socialista como ele, também não hesitava. Nem que tivesse que ir vender casacos de cabedal para Marrocos. Calculo que ele já tivesse o cérebro em papas. Foi uma dura batalha intelectual. Primeiro o grande pensador Luís Ferreira. Logo a seguir o extraordinário e iluminado estratega político, Hugo Cristóvão. Um homem não é de ferro, Serafim!! Um homem não é de ferro!!Um abraço bem regado do Manuel Serra d’Aire

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