Poetas e artesãos cantaram Janeiras em homenagem às instituições de Vialonga
Iniciativa visa promover actividade cultural da freguesia de Vialonga
Nove poemas para nove instituições de Vialonga. Poetas e tocadores percorreram as ruas a cantar as janeiras para recuperar uma tradição antiga.Do interior do pavilhão do Grupo Desportivo de Vialonga ouvem-se alguns acordes de concertina, flauta, cavaquinho e tambor. Durante a tarde chuvosa de sábado, 5 de Janeiro, cerca de duas dezenas de tocadores e cantores ensaiam as músicas que vão cantar e tocar pelas ruas de Vialonga. Em véspera de Dia de Reis o grupo de cantadores e tocadores das Janeiras de Vialonga percorreu as sedes de várias colectividades da localidade. O périplo começou no quartel dos Bombeiros Voluntários de Vialonga seguindo para o Agrupamento 342 de escuteiros onde foram recebidos pelos escutas mais jovens. O Salão da igreja paroquial, Sociedade Columbófila de Vialonga, Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Vialonga (ARPIV) e a sede da Junta de Freguesia também foram locais de passagem.Nove poetas do núcleo de Vialonga fizeram os poemas que foram posteriormente adaptados à música tradicional das Janeiras (ver nesta edição). Foi tocada uma música diferente para cada uma das nove colectividades visitadas.A iniciativa, que se realiza há cerca de três anos, é organizada pelo núcleo de artesãos e poetas de Vialonga e conta com a participação do grupo coral da Associação de Bem-Estar de Vialonga (ABEIV). Esmeralda Santos, 60 anos, é natural de Tondela, concelho de Viseu, mas vive em Vialonga há cerca de 30 anos. Está no núcleo de artesãos e poetas de Vialonga há dois anos onde dá aulas de técnicas de guardanapo. É a primeira vez que se junta ao grupo para cantar as Janeiras. “Decidi participar porque sou uma pessoa alegre e gosto de paródias. Além disso, quando era criança, todos os anos participava nas Janeiras da minha aldeia. Andávamos à chuva e era tudo muito divertido. Eram outros tempos em que as pessoas davam mais valor às tradições”, recorda, lamentando o facto de estarem poucas pessoas presentes na iniciativa.Com a concertina ao peito Joaquim Soares vai tocando, sem nunca desafinar, as músicas das Janeiras. Não houve muito tempo para ensaiar mas, felizmente, correu tudo bem. Aos 67 anos, Joaquim Soares que pertence ao grupo de música “Os Amarantinos” – grupo de música tradicional portuguesa de Amarante, distrito do Porto – não se recorda quando começou a tocar.“Descobri a concertina em criança e nunca mais a larguei. Sempre que tinha um pouquinho de tempo tocava. Posso dizer que a paixão pela concertina já nasceu comigo”, conta. Joaquim Soares participa no cantar das Janeiras em Vialonga desde o início e concorda que esta é uma excelente forma de divulgar a cultura da freguesia como também ajuda os mais velhos a combater a solidão.Luísa Pamplona pertence à direcção do núcleo de artesãos e poetas e é uma das mentoras da ideia de cantar as Janeiras pelas ruas de Vialonga. Segundo os colegas da associação Luísa é uma verdadeira artista. Além de pintar também é artesã e poeta. Não consegue explicar quando surgiu esta paixão.“Acho que nasce connosco depois vamos descobrindo e aprimorando ao longo dos anos. Nos tempos livres vou pintando outras vezes escrevo. Quando gostamos verdadeiramente de algo conseguimos arranjar tempo para fazer as coisas”, explica.A ideia de criar o cantar das Janeiras em Vialonga surgiu do desejo comum de várias pessoas que querem recuperar uma tradição nacional não muito usual na freguesia de Vialonga. Para Isabel Mota, directora da secção cultural do núcleo de artesãos e poetas de Vialonga, estas iniciativas são um óptimo contributo para o desenvolvimento cultural da freguesia. “Temos que ser nós, enquanto cidadãos, a desenvolver a cultura da nossa localidade senão nunca seremos conhecidos e muitos talentos vão ficar escondidos para sempre”, refere.
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