Ainda não estou recomposto deste atribulado início de ano. Não são efeitos do champanhe marado que se vende nesta altura nem de algum bocado de bolo-rei que me foi para o goto. Estou triste porque o Rali Lisboa-Dakar foi cancelado logo quando a prova tinha início em terras ribatejanas. Nada me convence que não se trata de uma tenebrosa conspiração dos adversários do movimento independentista de Samora Correia, que continua a lutar pela restauração do concelho. Essa etapa do Dakar faria mais pela visibilidade da luta de Samora do que o terramoto de 1755 fez pela baixa lisboeta. E não me venham dizer que é por causa dos bandidos da Mauritânia, que eu não engulo essa. Se não queriam passar por essas arenosas terras fizessem um desvio. Ninguém me convence que não anda ali mão dos centralistas de Benavente, invejosos por verem a freguesia vizinha ter toda aquela projecção. Com uma etapa do Dakar no currículo, qual era o Presidente da República que vetaria a subida de Samora Correia a concelho. Ainda por cima uma freguesia com dois apelidos a quem só falta o nome próprio. Aliás, aproveito para abrir aqui um concurso de ideias sobre esse assunto. Rapaziada: vamos dar nome próprio a Samora Correia! Eu por mim lanço a minha: Serafim Samora Correia. Ficava a matar. E espero que tenha tanta adesão como o abaixo-assinado em defesa da honra do cão Leão, esse injustiçado canino.Outra razão para não guardar com especial saudade as entradas deste novo ano foi a da nova lei do tabaco. Não é por mim, que sou fumador de terceiro escalão. Mas o que será feito de tanto viciado que não tem agora onde cair morto, perdão, onde beber um copo sossegado com a inseparável companhia de uma cigarrada. Eu sei o que lhes vai na alma. Um dos dramas do fumador, a partir de agora, é o que vai fazer com as mãos nessas alturas. Uma agarra no copo, é verdade, mas a outra? A que antes estava ocupada com o cigarro? Alguém me sabe dizer o que é que se vai fazer com ela? Eu tenho algumas ideias, mas é óbvio que poucos têm a sorte de ter à mão de semear a Soraia Chaves como parceira de copos.Inolvidável Manuel Serra d’Aire, é com indisfarçável deleite que constato o orgulho que muitos dos nossos políticos, autarcas, cronistas, comentadores e afins dedicam às suas habilitações académicas. Adoro ver no final do texto a assinatura seguida do informativo doutor, licenciado, mestre, catedrático ou afim. É bom que a gente saiba com quem lida, E num país onde grassa a iliteracia e o analfabetismo funcional, aconchega-me a alma e a auto-estima saber que tenho tantos compatriotas bem formados. Provavelmente até sabem o que é o esterno-cleido-mastoideu…Um éférreá do Serafim das Neves * doutorando em levantamento de copos e arremesso de beatas