Maioria dos suspeitos de tráfico julgados em Vila Franca tem poucas habilitações e parcos rendimentos
Alegações finais no julgamento com 25 arguidos foram adiadas para 23 de Janeiro
Dos 25 arguidos só dois aguardam julgamento na prisão onde cumprem penas por outros processos. A maior parte dos acusados optou pelo silêncio para dificultar a prova.
A maioria dos 25 arguidos que estão a ser julgados no Depósito de Bens Penhorados do Ministério da Justiça de Vila Franca de Xira, por falta de condições no Tribunal de Alenquer, tem baixas habilitações literárias e parcos recursos financeiros. Na sessão que decorreu na terça-feira, 8 de Janeiro, o colectivo questionou um a um todos os arguidos sobre a sua situação social e financeira e verificou que, apesar de serem maioritariamente jovens, há vários arguidos com o quarto ano do ensino básico (quarta classe), outros com o sexto ano e poucos são os que conseguiram concluir o 12 º ano.Já quanto aos rendimentos, o salário mais avultado dos alegados traficantes é de 1500 euros e foi confirmado por um vendedor de automóveis que está preso por tráfico de droga e é apontado como o principal fornecedor da maioria dos arguidos com a colaboração da namorada que também está detida há três anos e que está a concluir o 9º ano na prisão.Vários arguidos são toxicodependentes e estão desempregados. Vivem com a ajuda dos pais e outros familiares. Os que trabalham ganham o salário mínimo ou pouco mais. Entre os acusados de tráfico de produto estupefaciente está um jovem casal “com uma situação complicada”, segundo a juíza presidente. Ambos estão sem trabalho e a jovem está grávida.Alguns arguidos queixaram-se de ter perdido os empregos por terem faltado sucessivas vezes ao trabalho no âmbito do julgamento que se arrasta há vários meses. “Assim não consigo arranjar trabalho. Enquanto isto não acabar ninguém me dá emprego”, disse um dos arguidos que até há pouco trabalhou como motorista.Sensível aos argumentos dos arguidos, o colectivo de juízes dispensou-os da próxima sessão agendada para 23 de Janeiro. As alegações finais do Ministério Público e dos advogados de defesa dos arguidos serão feitas no Tribunal de Alenquer.Recorde-se que os factos deste mega julgamento aconteceram há cinco anos. Segundo a acusação, vários elementos da alegada rede, na maioria jovens, operaram desde o início do ano 2003 e até final do ano 2004 na região, promovendo “a compra para revenda ou cedência gratuita a terceiros (...) de heroína e de (...) haxixe”.Cinco dos arguidos estão acusados de um crime de tráfico de estupefacientes na forma tentada, enquanto cada um dos restantes arguidos responde por um crime de tráfico de menor gravidade. A maioria optou pelo silêncio e não falou sobre os factos durante o julgamento.A acusação refere que os alegados traficantes actuavam em Abrigada, Aveiras de Cima e Bairro, no concelho de Alenquer, Quebradas e Alcoentre, no concelho de Azambuja, e na cidade do Cartaxo.
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