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O caderno de marchas e canções que foi apanhado pela PIDE

O caderno de marchas e canções que foi apanhado pela PIDE

Livro CD foi apresentado no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira

Arquimedes da Silva Santos, que viu alguns poemas musicados por Lopes Graça, recordou os primórdios do neo-realismo durante o lançamento de um livro CD. Mesmo sob o olhar atento da “senhora do lápis azul”.

Um CD com cerca de 42 faixas musicais interpretadas pelo coro Lopes-Graça e uma faixa multimédia com diversa informação sobre o autor ribatejano – incluindo o auto de apreensão do caderno de músicas que foi apanhado pela PIDE - são as grandes novidades da terceira edição do livro “Marchas, Danças e Canções” do compositor Fernando Lopes Graça, editado em 2007 pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP).A ideia de fazer uma terceira edição do livro que foi apresentado, sábado, 12, no auditório do museu do Neo-Realismo de Vila Franca de Xira, por Fernando Gomes, Carlos Galiza e Nuno Cabrita, do departamento de cultura e tempos livres da CGTP, surgiu no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Fernando Lopes-Graça, em 2006, uma vez que o compositor tinha uma relação muito próxima com a Confederação e ofereceu-lhes a primeira edição de Marchas, Danças e Canções lançada em 1946.Entre as cerca de três dezenas de participantes que estiveram presentes no museu do neo-realismo encontrava-se Arquimedes da Silva Santos. O poeta neo-realista que também viu alguns dos seus poemas serem musicados por Fernando Lopes-Graça revelou como o movimento neo-realista começou a dar os primeiros passos em Portugal. Muitos dos poetas que constam do livro “Marchas, Danças e Canções”, nomeadamente João José Cochofel, Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, José Gomes Ferreira, Mário Dionísio entre outros, tinham por hábito encontrar-se na casa de férias de João José Cochofel no Senhor da Serra, distrito de Coimbra, onde passavam grandes temporadas.Numa dessas ocasiões Fernando Lopes-Graça também foi passar férias com os amigos. Arquimedes da Silva Santos leu um excerto de duas cartas que recebeu de Cochofel, em Setembro de 1945, numa altura em que não os pôde acompanhar. Foi nesse ano que avançaram com o movimento neo-realista. “Vai por aqui um grande entusiasmo poético. O José Gomes Ferreira que está aqui de férias desunha-se em poesia, a tal ponto que já nos contagiou. Acabei a heráldica e escrevi mais uma coisita que enviei para a Seara Nova. O Carlos de Oliveira avançou com um lírico amoroso que o Lopes-Graça imediatamente lhe abarbatou para o musicar. O nosso compositor resolveu abrir um concurso entre os poetas uma vez que o fornecimento de letras para canções revolucionárias são muitas”, leu para uma plateia atenta.Arquimedes da Silva Santos leu ainda uma segunda missiva que Cochofel lhe enviou alguns dias depois. “O nosso torneio poético-musical converteu-se num empreendimento de maior volume. Precisamos de reunir mais de 20 canções de modo a conseguirmos avançar com o projecto. Uma que enviaste é demasiado violenta e não te esqueças que temos que contar com os cortes da senhora do lápis azul”, recordou saudoso.A sessão terminou com Arquimedes da Silva Santos e a esposa, antigos membros do coro da Academia de Amadores de Música liderado por Fernando Lopes-Graça, a cantarem algumas canções publicadas no livro do compositor português.
O caderno de marchas e canções que foi apanhado pela PIDE

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