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Aparatoso Manuel Serra d’Aire

Aparatoso Manuel Serra d’Aire

Não vou falar do que se tem passado na Câmara de Almeirim e da linguagem utilizada por autarcas que já têm idade para ter juízo, porque a minha esmerada educação cristã não permite entrar por esses devaneios. Sou uma pessoa de bem, recomendável, e não quero ampliar tão desconchavado episódio desencaminhando para aí os meus bucólicos escritos eivados de harmonia e beatitude. Passemos pois a assuntos mais interessantes, como os planos estratégicos que o professor Augusto Mateus tem feito para os municípios da região. Pelo que me tenho apercebido, grande parte das câmaras são clientes do categorizado planeador e ex-ministro de Guterres. Ou seja, daqui a uns anos poderíamos vir a ter um Ribatejo made in Augusto Mateus. E digo poderíamos porque, como tu bem sabes, estes planos são só para Bruxelas ver e mandar a massa. Ainda me lembro de um célebre plano estratégico feito há uma dúzia de anos para Santarém por uma dessas empresas da especialidade que até previa uma marina para a Ribeira. Essa foi aliás uma das poucas coisas concretizadas. Na Ribeira existe hoje realmente uma Marina, tal como existe uma Tânia e uma Vanessa. Penso que se tratou apenas de mera coincidência, mas mesmo assim dou o benefício da dúvida aos estudiosos e aos executores.Como se não bastasse os autarcas estarem-se marimbando para os planos do professor Mateus e concorrentes, diga-se também em abono da verdade que os citados estudos não adiantam nem atrasam. Lembro-me de um célebre americano que veio há uns anos dizer que Portugal devia apostar no vinho, na cortiça, etc, etc… E ainda lhe pagaram por isso. Como é que nós, ao fim de tantos anos, ainda não nos tínhamos lembrado de tais coisas… Esses estudos merecem uma dissertação porque dizem coisas que se ouvem todos os dias nas nossas tascas, cafés e assembleias municipais, só que em linguagem menos polida. Se um dia se tornassem realidade, transformariam Portugal numa qualquer Suécia ou Irlanda, com cidades bem desenhadas, amplos espaços verdes, poucas rotundas e ainda menos fontes cibernéticas. O que nos tornaria iguais a tantos outros. Para o nosso país querer singrar tem que apostar na diferenciação e assumir-se de vez como o único país do terceiro mundo da Europa. Se as nossas cidades querem ser competitivas têm de se afirmar pelo que têm de extraordinário. Como as ruas esburacadas, o lixo pelo chão, as estradas esburacadas, os passeios repletos de merda de cão, mendigos em tudo o que é canto, esgotos a céu aberto correndo para os rios e para o mar.Se soubermos preservar essas nossas idiossincrasias (vês que eu também sou capaz de escrever como um planeador), com um bocadinho de esforço tornamo-nos a República Dominicana ou a Índia da Europa. Já temos as praias, o sol e os hotéis. Só há que divulgar isso para concorrermos directamente com grandes potências turísticas do terceiro mundo. Quem é que se dá ao trabalho de andar horas e horas de avião para ir para as Caraíbas ou para o nordeste brasileiro se tem isso tudo aqui à mão? Cumprimentos bem planeadinhos doSerafim das Neves
Aparatoso Manuel Serra d’Aire

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