A propósito da notícia sobre a contratação pela Câmara de Salvaterra de Magos de um empreiteiro que não tinha alvará e o facto de o mesmo ter integrado, posteriormente, as listas do partido que está no poder B.E., eu talvez comece a ficar espantado é por O MIRANTE ter dado importância ao que, infelizmente, já se tornou corriqueiro e motivo de regozijo por parte dos cidadãos – eleitores, mas ainda bem que o faz. Posso até estar enganado mas não é o que os exemplos demonstram. Exemplos como os Felgueiras, Isaltinos e majores não faltam e as pessoas gostam, senão eles não continuariam no poder, a desafiar a justiça, a apodrecer a democracia e a serem idolatrados pelo povo.Quando as pessoas começarem a encher as salas das câmaras, das juntas de freguesia, para assistir às assembleias, talvez comecem a aperceber-se dos inúmeros atropelos éticos, legais e sem qualquer sustentabilidade, que frequentemente são praticados. Talvez aí comecem a desenvolver o tão necessário espírito crítico para a assunção da democracia como um sistema político justo e garante da vontade do povo para o desenvolvimento da sociedade.A continuar assim, não só os políticos entram (já estão) em descrédito mas a própria democracia. E depois o que nos resta? Outra ditadura? Talvez alguns acreditem nisso e a frase “quem faz cá falta é o Salazar” é cada vez mais sinónimo deste desespero que se instalou entre nós e da falta de credibilidade que os políticos semearam e cujas colheitas de ortigas e cardos estão impingindo aos cidadãos.Aquilino Fidalgo