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Desalinhado Serafim das Neves

Venho desafiar-te para a apanha do cão. A coisa está a dar e oportunidades assim não podem ser desperdiçadas. A Associação de Protecção aos Animais do Cartaxo leva três mil e quinhentos euros por mês, a cada cliente, para fazer o serviço. Imagina a massaroca que aquilo dá. Claro que o negócio tem os seus riscos. A Câmara da Azambuja, dizem eles, ferrou-lhes o cão. Ficou-lhes a dever 19 mil euros correspondentes à apanha de centena e meia de animais ao longo de cinco meses. Muito cão havia naquele concelho antes deles começarem a lançar as redes. Felizmente a associação não corre o risco de ir à falência. A Câmara da Azambuja não lhes paga mas paga-lhes a Câmara do Cartaxo. Precisamente o mesmo. 19 mil euros cada cinco meses. E há muitas mais câmaras que poderão contratar os serviços da apanha. E todas as câmaras juntas dão cá um jack-pot !! É só fazer as contas, como diria o saudoso António Guterres. É tempo de entrarmos em campo. A concorrência é benéfica. E neste ramo podemos singrar. Caçar cães não parece difícil. Já fiz um estudo de mercado e acho que podemos levar vantagem se optarmos pelo pagamento à peça. Um xis por cão. Também fiz uma tabela por peso e por raça. Posso dizer-te que os resultados me fizeram uivar de alegria. Só na minha rua fazíamos, numa tarde, mais dinheiro que o pessoal do Cartaxo num mês. Eu patino em bosta de cão todos os dias mas nunca tinha visto nenhum produtor a plantar a dita cuja no passeio. Um dia destes escondi-me e fiquei espantado. Os cães são mais que as mães. Esta terra não corre o mínimo risco de desertificação. Há muitos casais que não têm filhos mas não há nenhum que não tenha cão. Muitos têm dois. Deve ser para fazerem o casalinho. A tradição maternal ainda é o que era. E a prolifera-cão não abranda porque neste campo não há problemas de infertilidade ou de menopausa. Nem sequer de sexo. Qualquer homem pode ter cão sem ficar grávido. Além disso o cão não dá dores de cabeça quando chega à adolescência. Não quer roupa de marca. Não liga a computadores nem a telemóveis última geração. Bom…esta parte nem nos interessa por aí além. O que realmente conta é aquela altura em que o pessoal se farta de ver os chinelos roídos e o sofá cheio de pêlo. Aquele momento em que não se consegue o tal hotel no paradisíaco destino turístico porque cão não entra. Não entra o cão mas entramos nós para apanhar o animal que foi enxotado para a rua em nome do sacrossanto descanso. E toca de embolsar. Empochar, dizem alguns afrancesando a coisa. Três mil e quinhentos euros por mês, mais euro, menos euro. E por concelho. E tantos e tão bons concelhos que para aí há à espera da nossa iniciativa empresarial. Vila Franca, Benavente, Tomar, Abrantes, Mação…Azambuja não, porque não paga…A Associação do Cartaxo que se cuide. A concorrência vai a caminho. Estou certo ou estou errado, Serafim? Acredita. É um fabuloso nicho de negócio. Vamos fazer fortuna com tanto boby enjaulado. Já tratei do nome da empresa. Vê lá se gostas: “Cãozarrão”. É fixe ou não é??!! E o bom disto tudo é que ganhamos mais a apanhar cão do que a apanhar meichão. E não precisamos de barco nem de andar a fugir da fiscalização. Pensa bem no assunto e responde-me ainda hoje para eu marcar a escritura e começar a mandar propostas aos clientes.Um abraço canino do Manuel Serra d’Aire

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