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Pai na prisão

Mandar uma pessoa para a cadeia. Decretar o despejo de uma família carenciada, que não paga as rendas ao senhorio. Ordenar o desconto no ordenado de um trabalhador. Mandar remover o recheio da casa de alguém.Nada disso é agradável, mas faz parte do meu trabalho.Por outro lado, nada se compara a ter de decidir sobre o futuro de uma criança.Nesses casos, sim, a situação é verdadeiramente delicada.Há tempos, tive um caso muito complicado.Um homem foi condenado a dez anos de prisão, por assaltos.A esposa, na sua infinita solidão, encontrou novo companheiro.Já não ia a Vale de Judeus visitar o marido. Os dois filhos, com oito e dez anos, deixaram de ver o pai.Teve de se instaurar uma regulação do poder paternal. Os progenitores chegaram a um acordo. A mãe levaria os filhos à cadeia no último domingo de cada mês. O diabo é que nunca o fez. Dizia que andava a receber ameaças de morte e que estava de relações cortadas com o marido.Eu não consegui descobrir uma instituição que levasse as crianças a visitar o pai.Por sugestão da progenitora dos meninos, convoquei a mãe do preso. A ideia era que ela levasse os netos consigo, para que se proporcionasse o encontro.Perguntei à mãe do detido se costumava ir visitar o filho. Disse-me que ia lá raramente, porque o transporte saía muito caro. Gastava uns 15 euros em gasóleo.A mãe das crianças dispunha-se a suportar a despesa. A sogra e avó dos menores pura e simplesmente recusou colaborar. Não estava para isso.* Juiz (hjfraguas@hotmail.com)

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