uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Paulo Caldas fala em lista de vingança e acusa Pedro Ribeiro de estar num exílio dourado

Paulo Caldas fala em lista de vingança e acusa Pedro Ribeiro de estar num exílio dourado

Partido Socialista do Cartaxo tem mais do dobro dos militantes por causa das eleições de 15 de Fevereiro

As eleições para a concelhia do PS no Cartaxo são a 15 de Fevereiro e são disputadas por dois camaradas desavindos que trocam acusações na praça pública. Pedro Ribeiro, era vice-presidente da câmara e cortou com o presidente unindo-se a dois ex-vereadores que saíram em mandatos anteriores incompatibilizados com Paulo Caldas. O presidente da câmara e líder do partido chama-lhe traidor, acusa-o de se unir a incompetentes revanchistas, e diz que ele foi para um asilo político dourado, no gabinete do secretário de Estado da Justiça, para não regressar à vida activa.

Em Dezembro do ano passado, numa entrevista a O MIRANTE, o seu opositor nas eleições para a secção do PS do Cartaxo, Pedro Ribeiro, diz que não sabe porque é que, quando regressou ao executivo, em Março de 2007, após três meses de ausência por motivos de saúde, o senhor não o voltou a nomear vice-presidente. Ele remeteu a pergunta para si. Quer esclarecer o que se passou? Após a saída dele, para ser sujeito a uma intervenção cirúrgica, em Dezembro de 2006, tomei conhecimento de que havia um conjunto de movimentações em que ele estava envolvido destinadas a pôr em causa aquilo que era a estabilidade da autarquia e do partido.Ele afirma que ficou surpreendido com o que se passou na altura em que regressou à câmara. O senhor não falou com ele antes? Falei com ele, sim. Numa atitude concreta disse-lhe. “Regressarás como vereador a tempo inteiro mas neste momento não tenho confiança política para te atribuir a vice-presidência”. Esta é a verdade dos factos.Disse-lhe isso antes do regresso dele à câmara em Março? Sem dúvida.Tem um grande historial de conflitos com elementos das suas equipas. Erra nas escolhas, ou não consegue exercer uma liderança que mantenha as pessoas unidas?Reconheço que tenho uma forma de liderar difícil. Autoritária, por vezes, admito-o. Eu traço um conjunto de objectivos políticos e de gestão e vejo-me, a mim e à minha equipa, a atingir esses objectivos. Sempre estive habituado a premiar quem consegue mostrar bom trabalho e nunca tive problemas em afastar ou corrigir as pessoas que não estão a desempenhar da forma mais correcta ou de uma forma leal as suas funções.No caso do Pedro Ribeiro foi falta de lealdade.A autarquia é uma organização que procura o bem dos munícipes. Objectivos estão bem traçados. Se a situação é grave eu tenho que actuar. Não há um mandato em não tenha que actuar em relação a pessoas que o senhor escolheu para trabalhar consigo. Não se pode falar em azar… O professor Augusto Parreira, quando lhe retirei a confiança política e a vereação a tempo inteiro, foi por uma questão de incompetência. Eu poderia ter ficado calado até ao final do mandato, afinal tinha sido eu que o escolhera, mas não havia condições para continuar a trabalhar com ele. A professora Elvira Tristão não foi escolhida para fazer parte da equipa do segundo mandato e entendeu sair antes do final do primeiro. Não a escolhi para continuar porque percebi que ela não tinha perfil político para o objectivo a atingir. Ao Pedro Ribeiro não chama incompetente mas traidor.O dr. Pedro Ribeiro deveria ter saído por iniciativa própria. Deu-me uma facada nas costas. Foi uma deslealdade. Traição é o termo que se usa quando alguém da nossa equipa, que está ao nosso lado durante dez anos, de um momento para o outro, inicia um processo para destabilizar o trabalho e mais tarde diz que se vai candidatar contra nós à estrutura local do partido. Eu não me sentia à vontade com um elemento como ele na minha equipa e por isso o afastei. O senhor diz que sabia o que se estava a passar mas em Abril, no decurso da assembleia municipal onde foi discutida a não nomeação de um vice-presidente, disse que continuava a ter confiança no Pedro Ribeiro. Isso não é contraditório?Compete-me manter a estabilidade… Foi uma declaração de circunstância? Faz muitas declarações dessas?Apesar de saber o que estava a ser preparado e como as coisas estavam a ser conduzidas, tive a elevação política - no sentido de manter o partido estável e unido – de convidar o dr. Pedro Ribeiro a manter-se na minha futura equipa político-partidária. A única condição que pus foi não aceitar o professor Augusto Parreira. E foi aí que o dr. Pedro Ribeiro, finalmente, assumiu que era candidato contra mim. Ele assumiu a ruptura. A divisão. Disse que queria disputar as eleições para conquistar o poder. Mais tarde o Pedro Ribeiro votou contra o Orçamente e as Grandes Opções do Plano obrigando-o a negociar com o PSD. Não lhe chamaria negociação. As Grandes Opções do Plano para 2008 foram viabilizadas com a abstenção do PSD quer na câmara quer na assembleia municipal. Foi um bom contributo. Foi uma das primeiras vezes que na assembleia o PSD se absteve nesta matéria. Isso significou uma forma de estar na política que me parece relevante. O concelho do Cartaxo, tal como os outros municípios, está a iniciar um novo ciclo político de obras e investimentos. O QREN está aí à porta. Há financiamentos comunitários que estão em causa. Votar contra um Orçamento e as Grandes Opções do Plano como fez o Pedro Ribeiro é uma atitude insensata.Em política não há borlas. O que teve que dar em troca ao PSD? O mesmo orçamento foi aprovado. As linhas estratégicas que o PS sempre defendeu, estavam lá e ficaram incólumes e enriqueceu-se o documento com um conjunto de propostas que foram trabalhadas conjuntamente com os vereadores e com a senhora presidente da Comissão Política do PSD.Isso dito assim parece idílico. Afinal estão todos de acordo. Afinal o PS já tinha pensado em tudo o que o PSD queria só se tinha esquecido de o colocar no papel. Mas na realidade o senhor foi forçado a negociar. Se o Pedro Ribeiro não tivesse votado contra, todas as alterações que foram feitas não constariam do plano.Houve uma pareceria inteligente e sensata.Mas imposta pelas circunstâncias. É a primeira vez que o PS negoceia com o PSD a este nível, no concelho do Cartaxo e …E foi a primeira vez que um vereador do PS do concelho do Cartaxo chumbou, com o seu voto contra, o Orçamento e as Grandes Opções do Plano apresentadas pelo seu próprio partido.Uma candidatura de vingança Pedro Ribeiro apresenta-se como vítima da sua maneira ditatorial de estar na política. Houve um período em que foi explorada essa situação de vítima. Mas penso que as pessoas já perceberam que ele não é vítima. Ele traçou um plano para conquistar o poder. Diz que a candidatura do Pedro Ribeiro tem contornos de vingança. Inclui aí também uma vingança do PS contra o facto de o senhor ter inviabilizado a constituição da empresa Águas do Ribatejo e de ter com isso abalado o clima de solidariedade intermunicipal que se vivia na Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo? Por vezes na defesa do concelho e na defesa do que são os meus princípios e valores, sou uma pessoa incómoda, que pode gerar dificuldades. Mas o que fiz foi bom para o concelho do Cartaxo.Alinhou com o presidente da câmara de Santarém, eleito pelo PSD, na demolição da Águas do Ribatejo. Não quero acreditar que isso possa ter influência no PS.É assim tão ingénuo? O senhor abalou os alicerces da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo. Deu uma machadada naquilo que era uma política de solidariedade inter-municipal que fazia com que os municípios mais pequenos tivessem uma oportunidade de desenvolvimento. Ainda por cima o senhor era vive-presidente da CULT. Tinha responsabilidades na estrutura. Tinha participado nas negociações. Na elaboração das candidaturas. Não acha normal que os autarcas do PS, nomeadamente o presidente da CULT, o seu camarada Sousa Gomes, se tivessem sentido traídos? Poderia haver da parte do Pedro Ribeiro e de quem o acompanha, a intenção de aproveitar essa situação para espicaçar em termos regionais e nacionais o PS e dizer que o Paulo Caldas prejudicou a coesão do partido. Mas não acredito que isso possa ter influenciado qualquer posição a nível regional ou nacional.Não me diga que lhe telefonaram de Lisboa a dar os parabéns quando decidiu romper com a Águas do RibatejoSenti, muito naturalmente, que a minha posição era de difícil compreensão por parte dos meus colegas do Partido Socialista. Mas não vejo que isso tenha qualquer relação com estas eleições para a estrutura local do Cartaxo.
Paulo Caldas fala em lista de vingança e acusa Pedro Ribeiro de estar num exílio dourado

Mais Notícias

    A carregar...