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Voo para Marrocos

A propósito dos aviões da CIA, com destino a Guantanamo, que utilizaram aeroportos portugueses, novos dados surgiram.Actualmente, não há dúvidas nenhumas de que prisioneiros transportados nestas aeronaves passaram por território nacional.Manuel Alegre pronunciou-se com muita pertinência sobre o assunto.Focou dois pontos.Em primeiro lugar, recordou que tal ocorreu quando um Governo diferente encontrava-se em funções, por tal sinal de partido diverso daquele que presentemente ocupa o poder.Depois, Alegre afirmou que importava apurar se o Governo, à data, sabia ou não que estes aviões usavam as aerogares portuguesas. Se, realmente, tinham conhecimento, a situação é gravíssima.Eu concordo em absoluto.Mas diria mais.Se o Governo tinha conhecimento, a situação é, efectivamente, gravíssima. Mas se nada sabia, é muitíssimo gravíssima. Não respeito a língua portuguesa, como faz Manuel Alegre, nos seus brilhantes escritos. Mas não encontro nenhuma expressão que ultrapasse o superlativo empregue pelo político-escritor. Se andavam a dormir e não deram por nada, o caso é deveras preocupante.Por várias razões, eu sei que não é assim tão fácil andar aí com aviões a transportar o que se entende.Aqui há cerca de três anos, ocorreu, em Beja, um caso interessante.Um indivíduo daquela localidade resolveu adquirir uma aeronave particular.Não se preocupou muito com o investimento, porque tencionava levar a cabo uma actividade altamente lucrativa.Ainda por cima, rodeava-se de cuidados. Contratou um piloto, que ia a Marrocos, carregar fardos de haxixe.Depois, desembarcava-os em Beja.O traficante cometeu um erro. Para proceder a pagamentos ao piloto, pedia sempre a um indivíduo diferente que levasse um envelope cheio de notas a fim de ser entregue ao comandante da aeronave. Não relatava tudo a esse intermediário, limitando-se a remunerá-lo bem: mil euros por cada serviço.É claro que isso revelou-se desacertado. O criminoso deve sempre envolver todos na sua rede, não ocultando o tipo de actividades em jogo. De outra forma, surgindo a polícia, aquele que desconhece o carácter ilícito, dá com a língua nos dentes e denuncia os chefes.Foi o que ocorreu.O avião foi detectado, com toneladas de haxixe provenientes de Marraquexe. Além disso, havia armamento de guerra, pistolas-metralhadoras e munições em abundância.O desgraçado que iria pagar ao piloto quis lá saber dos tais mil euros. Contou logo quem lhe dera as ordens.* Juiz (hjfraguas@hotmail.com)

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