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Incorruptível Manuel Serra d’Aire

As primeiras palavras vão direitinhas, e com inteiro merecimento, para uma anónima funcionária da Escola Agrária de Santarém pela abnegação demonstrada logo que iniciou funções. A senhora foi a tribunal dizer que ela própria pediu para ser besuntada com bosta quando entrou para a instituição, para assim se sentir mais integrada na comunidade onde pelos vistos quanto pior um gajo cheirar mais integrado está. É de gente deste calibre que Portugal precisa. Embora, confesso, me causem confusão estes métodos integradores.E a razão é simples. Não estou a ver que vontade poderia eu ter em ajudar a integrar uma caloira jeitosa se a mesma me aparecesse coberta de esterco e a tresandar a merda. A integração tem limites, caramba. Dá-me ideia que aqueles gajos da Agrária ainda vivem na idade da pedra no que aos costumes diz respeito. Se querem integrar a caloirada paguem-lhes copos, dêem-lhes tabaco e levem-nos a conhecer as tascas e vão ver que ninguém se vai queixar. Arranjam ali amigos para o resto da vida e escusam de andar a chafurdar.A esta hora já alguns veteranos me andam a rezar pela pele e têm toda a razão. Este azedume todo é reflexo de quem anda zangado com a vida. E não é para menos. Daqui a uns anos o meu filho vai dizer que sou um falhado porque não tenho nome numa rua, nem fiz nada de relevante. Com toda a justiça, diga-se. Porque não tive ideias luminosas como a do funicular da Ribeira ou do hotel asiático de Torres Novas de que falavas no teu último mail. Nem tão pouco fui capaz de estabelecer uma geminação com um qualquer lugarejo de Cabo Verde, como qualquer autarca ribatejano que se preze, para garantir uns diazinhos por ano em clima ameno e águas tépidas.Daqui a uns anos, um tipo olha para os arquivos e vê que Santana Lopes foi primeiro-ministro, que Rui Barreiro foi presidente da Câmara de Santarém, que Maria António foi governadora civil. E o que foi o Serafim das Neves? Um patusco escriba de meia tigela que se entretém ignobilmente a desancar gente respeitável, inteligente e trabalhadora que põe os interesses do todo à frente dos seus, que serve a nação em vez de se servir (NOTA: como é uma coisa que está muito na moda, estou a pensar em processar-me a mim próprio por calúnias e injúrias, face ao que acabo de escrever e que sem dúvida denigre o meu bom-nome. Acredito que o Ministério Público não me vai desiludir mais uma vez).Se ao menos tivesse uma obra literária que me permitisse negociar uma casita de férias com uma autarquia, como fez muito bem o grande Lobo Antunes com a Câmara de Torres Novas, ainda teria razões para sorrir. Mas quem vai querer guardar este conjunto de escritos licenciosos que ando aqui a verter há anos? Mais depressa, provavelmente, preferiam ser besuntados com bosta de porco.Saudações ressabiadas do Serafim das Neves

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