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A mediática “menina” bonita da polícia

A mediática “menina” bonita da polícia

Sub-comissária Paula Monteiro reage com um sorriso aos piropos e até dá autógrafos

A “polícia do futebol” é uma mulher de armas, mas foi o gosto por ajudar o próximo que a aproximou das forças de segurança. A ribatejana Paula Monteiro trocou o curso de oficial da GNR pelo da PSP porque a polícia estava mais adiantada nas oportunidades para mulheres. O destino voltou a aproximá-la da GNR quando se apaixonou pelo capitão Marco Cruz, militar de Santarém que comandou a GNR em Timor.

Quando é que descobriu a vocação para a polícia?Sempre senti uma grande vontade de ajudar os outros e nesta perspectiva havia várias opções. Pensei em seguir medicina e a minha mãe achava que era muito interessante, mas um dia disse-lhe que iria ser oficial da polícia e ela ficou mais preocupada, mas aceitou.Teve algumas influências na família?O meu pai era militar pára-quedista e isso fez com que eu começasse a admirar a disciplina, as regras e esta forma de estar na vida muito cedo. Os meus pais apoiaram-me muito e devo-lhes o que sou.Quando é que tomou a decisão?Foi no ensino secundário, quando estudava na área de ciências, que optei por seguir uma carreira virada para as forças de segurança. A disciplina, a organização e o rigor sempre me atraíram muito. Quando acabei o 12º ano concorri à Academia Militar para o Curso de Oficiais do Exército e para o Curso de Oficiais da GNR. Concorri também à Escola Superior de Polícia e à Faculdade de Ciências de Lisboa. Jogou em vários campos…Para mal dos meus pecados entrei nos quatro sítios. Decidi logo que não iria para a faculdade porque era civil e o mundo da disciplina e do rigor falou mais alto. Entrei na academia e escolhi a GNR porque era uma forma de estar próxima dos cidadãos e de os poder ajudar. Mas acabou num curso de oficiais da PSP…Mudei porque o curso da GNR não permitia que as mulheres fossem para armas (Infantaria ou Cavalaria), era só para administração militar. Disse adeus ao curso da GNR e um olá ao curso da PSP e não estou arrependida. A PSP já tinha tradição no acolhimento de mulheres há 30 anos e a GNR estava ainda no início deste processo. Terminou o curso de oficial da PSP e aos 23 anos era a mais jovem comandante de uma esquadra…Fui comandar a esquadra da PSP de Loures que nunca tinha sido comandada por uma mulher. Foi uma experiência fantástica que nunca esquecerei.Uma “menina” a comandar um grupo de homens. Foi complicado? Alguns agentes mais velhinhos confessaram-me que quando me viram chegar pensaram: “mas a moça tem idade de ser minha filha”.Como é que se vencem os estigmas da idade e do género?É com trabalho e aplicação. Eu sempre procurei dar o exemplo ao meu pessoal. Só tinha uma mulher e cerca de 50 homens e nunca tive nenhum problema. Nunca tomei a posição de dizer vão vocês que eu fico aqui. Acompanhei sempre os agentes nas situações mais complicadas e sabia ouvir os seus conselhos e experiências. É essencial comandar com humanismo e transmitir valores que estimulem a confiança e a solidariedade entre quem comanda e quem é comandado.“O carinho das pessoas é o melhor louvor”É o rosto da PSP com uma mediatização inédita na história da polícia portuguesa?Essa mediatização tem a ver com as funções que exerço, há mais de três anos, de porta-voz da PSP e de chefe do núcleo de relações públicas do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. É uma situação que encaro com normalidade e que procuro desempenhar da melhor forma.É a polícia do futebol. Já ouviu alguns piropos dos adeptos?Nunca tive piropos grosseiros ou provocadores, porque nesse caso teria reagido de outra forma. Sempre foram engraçados, mas às vezes fico desconfortada porque estou a trabalhar.Quais são os piropos mais usuais?“Com esta comissária estava preso a vida inteira” ou “leve-me preso”. Lembro-me de um senhor se ter aproximado e eu pensava que me ia pedir alguma informação e ele disse-me: “Era só para dizer que sou seu fã e que é muito bonita”. Fiquei sem palavras e muito envergonhada. Sei que já deu autógrafos...Já dei autógrafos a crianças e gosto muito de comunicar com as pessoas que são muito simpáticas e educadas comigo. Procuro retribuir esse carinho da mesma forma e quando os meninos me pedem autógrafos, no final das iniciativas, sou incapaz de fazer só a assinatura e faço sempre uma dedicatória. É frequente em Alverca as senhoras pedirem-me para dar um beijinho. O carinho das pessoas é o melhor louvor que pode haver e esta empatia entre polícias e cidadãos é saudável. As pessoas mimam-me muito e isto é muito bom. Depois há o outro lado do rigor e respeito que é preciso impor. É uma mulher de armas?A melhor arma é o diálogo, mas quando é preciso puxo dos galões. Sou uma mulher que procura avaliar-se todos os dias e que reconhece os seus erros e procura corrigi-los. É essencial a um comandante conhecer quem comanda.
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