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Munícipe insulta vereador em plena Assembleia Municipal de Azambuja

Autarcas de todos os quadrantes criticaram ataque a José Manuel Pratas

“Animal”, “chulo” e “traidor” foram palavras utilizadas pelo munícipe quando se dirigiu ao vereador José Manuel Pratas. “Não me senti nada ofendido porque há pessoas tão pobres que não me conseguem ofender”, foi a reacção do autarca.

“Esse animal que eu conheço há 12 anos”. Esta foi apenas uma das expressões que o munícipe Humberto Vicente utilizou em vários ataques de desferiu contra o vereador da Câmara Municipal de Azambuja, José Manuel Pratas (PS), na sessão da assembleia municipal que decorreu a 29 de Fevereiro, em Vale do Paraíso. O antigo deputado municipal interveio no período destinado ao público utilizando palavras como “chulo” e “traidor”. “Andaste 12 anos a atacar o PS e agora não tens vergonha de estar aí ao lado dessa gente”, referiu.Humberto Vicente acusou o verea-dor de pactuar com uma situação de roubo aos munícipes quando a câmara cobra taxa de saneamento a pessoas que não têm os esgotos ligados às estações de tratamento. “Ninguém sabe onde estão os esgotos, mas andam a limpar o dinheiro ao pessoal”, referiu. O munícipe, natural de Vale do Paraíso, fez duras críticas à gestão da câmara, sempre num tom descontrolado. O presidente da assembleia municipal, António Cardoso, tentou acalmá-lo, insistiu e mandou-o calar-se, mas em vão. “Tu és igual a eles…”, disse o munícipe, recusando silenciar-se. “Não me calo e não me vou embora porque esta casa é minha e vocês não têm nada que estar aqui”, disse, referindo-se à condição de sócio antigo da associação que dis-ponibilizou o salão para a realização da reunião. “Estamos aqui porque as instalações nos foram cedidas”, explicou o presidente da assembleia.O vereador atingido pelos insultos manteve a calma e nunca alimentou o diálogo com o acusador. “Não me senti nada ofendido porque há pessoas tão pobres que não me conseguem ofen-der”, disse. Um comentário que provocou novos ataques do munícipe. Uma vergonha para Vale do Paraíso Este episódio mereceu reacções de solidariedade por parte de eleitos de todas as bancadas. Vários munícipes que estavam na sala abandonaram a reunião em sinal de descontentamento. “Isto é uma vergonha para Vale do Paraíso”, comentou um dos homens que tentou convencer o repórter da anomalia do momento. “Isto não é a imagem desta terra. Não escreva isto por favor”, acrescentou.O presidente da câmara, Joaquim Ramos (PS), saiu em defesa do seu vereador e manifestou tristeza e de-sencanto. “É por este tipo de comportamentos que qualquer dia não temos pessoas válidas que aceitem cargos políticos. Vejam os casos de pessoas que não aceitam tomar posse para os cargos para que foram nomeados porque antes de o fazerem já estão a ser difamados e caluniados”, referiu.Joaquim Ramos chegou mesmo a prever um cenário extremo em que o poder pode cair na rua. Nesta parte foi acusado de exagero por eleitos da CDU e do PSD que salientaram que os políticos também têm muita culpa no cartório porque permitiram que a classe perdesse credibilidade.Em relação às taxas de saneamento que estiveram na origem do incidente. O presidente reconhece que foram cobradas indevidamente. Joaquim Ramos garantiu que está a ser feito um levantamento e todo os munícipes que reclamarem serão ressarcidos dos valores pagos. Os primeiros serão os da freguesia de Aveiras de Cima. Joaquim Ramos explicou que a única forma de conseguir fazer o levantamento era lançar a taxa e esperar que quem não está ligado à rede de saneamento e às estações reclamasse. “Se pedíssemos às pessoas ligadas para nos informarem não teríamos quase ninguém a pagar taxa”, concluiu. Esta foi uma reunião complicada para o executivo socialista. Joaquim Ramos foi acusado de discriminar o alto do concelho e de arranjar empregos para dois amigos. “Dos empregos que prometeu para os ex-trabalhadores da Opel, só arranjou dois. Um para o braço direito e outro para um amigo. Representa 0,02 por cento do prometido”, ironizou o munícipe Joaquim Calisto.

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