Os presidentes das juntas de freguesia da Carregueira, Francisco Costa, e do Chouto, João Gabriel Rodrigues, ambos da CDU, acusaram o executivo da Câmara Municipal da Chamusca, também de maioria CDU, de os discriminar em relação à Junta de Freguesia da Chamusca. A indignação dos dois presidentes de junta surgiu na sequência da discussão do vigésimo ponto da ordem de trabalhos da última assembleia municipal. Ponto que tratava de um protocolo de colaboração e cedência de equipamentos da Junta de Freguesia da Chamusca à câmara, com contrapartidas que Francisco Costa e João Rodrigues consideraram “discriminatórios para as outras juntas”.Durante o ano de 2007 a câmara propôs às juntas periféricas um protocolo que foi aceite, que atribuía 17 mil euros para a compra de um equipamento para trabalhos executados por aquelas autarquias. Cada uma das juntas adquiriu o equipamento de que mais necessitava. A maioria como a Carregueira e Vale de Cavalos optou por comprar um dumper, o Chouto optou por um corta valado.A Junta de Freguesia da Chamusca exigiu também ser integrada no protocolo e comprou também um dumper que agora cedeu “a título gratuito” à câmara, com a compensação de ela tratar de alguns espaços que estavam entregues à junta. Foi aqui que estalou o verniz e Francisco Costa saiu indignado em defesa da sua dama. “Isto é incrível, mais uma vez estamos a ser discriminados em relação à Chamusca. Então a cedência do dumper é gratuita? Querem tapar-nos os olhos ou quê? Estamos fartos de ser discriminados”, gritou.O vice-presidente da câmara, Francisco Matias, saiu em defesa da proposta, garantindo que a câmara não discrimina ninguém. E garantiu que a câmara está aberta a estabelecer protocolos de utilização dos equipamentos com todas as freguesias. Francisco Costa voltou à carga. “Nós temos que pagar o ordenado a um manobrador, pagar segurança social e tudo o mais, e a junta da Chamusca entregou o dumper à câmara, que vai pagar isso tudo e ainda vai tratar de espaços que são da junta, enquanto nós temos que tratar do que é nosso e de alguns que são da câmara”.O presidente da assembleia, José Melão (CDU), não deixou adiantar muito a discussão. Mas ainda antes da votação, o presidente da Junta de Freguesia do Chouto, João Gabriel Rodrigues, juntou a sua voz à de Francisco Costa, dizendo que também ele se sentia discriminado. Na votação que se seguiu, o protocolo foi aprovado, com a abstenção dos presidentes de junta da Carregueira, Chouto e Vale de Cavalos. Uma situação inédita no seio da maioria da CDU, que governa os destinos do concelho há mais de duas dezenas de anos.Logo a seguir, o presidente da câmara, Sérgio Carrinho (CDU), que não se pronunciou durante a discussão do protocolo, pediu um pequeno intervalo, que foi concedido. Durante esse intervalo, Francisco Costa continuou a discutir a situação e a comentar alto a sua revolta. E aí acabou por ter o apoio do presidente da Junta da Parreira, António Manuel Rodrigues, que também se considera muito discriminado. “A câmara não faz nada na Parreira, nem naquilo que é dela, somos nós que temos feito tudo, até o tecto falso do salão de convívio que é da câmara somos nós que o temos que arranjar”, disse.E aí Francisco Costa, garantiu que se não fosse da mesma força política da do executivo, já tinha feito eco dos seus protestos há muito tempo. “O concelho está inclinado de Norte, de Sul e de Nascente, tudo vem parar à Chamusca, as outras freguesias estão postas de lado, até os 10 milhões de euros que vieram dos lixos, que já entraram nos cofres da câmara para serem empregues em projectos na Carregueira, foram enterrados no cinema, no ninho de empresas e noutras chinesices, aqui na Chamusca. Começa a ser demais para ficar calado”, disse. Situação que ninguém do executivo quis comentar.