Ana Brandão
Estudante de Arquitectura, 23 anos, Bom Retiro (Vila Franca de Xira)
“Eu tive professores muito bons e professores muito maus, que não queriam estar ali a ensinar, ou que não sabiam fazer isso. Se calhar, às vezes não me senti respeitada. Às vezes acho que os professores não estão preparados para lidar com muitas das coisas que os alunos agora levam para a sala de aula, como os telemóveis. ”
Está a licenciar-se para trabalhar em Vila Franca de Xira ou Lisboa?Em Lisboa de certeza. Hoje em dia arranjar trabalho em arquitectura não é muito fácil e em Vila Franca há poucos sítios, só mesmo a trabalhar na câmara. E viver onde?Bem, não sei (risos). Gostava de viver em Lisboa, mais por uma questão de proximidade a outras coisas, mas não sei se haverá possibilidades para isso.O que é que mais gosta no concelho de Vila Franca?Gosto de Vila de Franca por ter vida durante o dia. Há muitas pessoas que ainda trabalham aqui e não é uma cidade que está deserta durante um dia inteiro e que há noite vê chegar toda a gente. Podia acontecer por estar muito próxima de Lisboa.E qual é o sítio do concelho que evita sempre que pode?Não evito sítio nenhum. Acho que há muitos sítios que são feios, mal construídos e mal resolvidos. Mas não os evito. Ainda assim, sendo um concelho que tem crescido muito nas últimas décadas, e muitas vezes de maneira desordenada, ainda preserva paisagens bonitas.Precisamos de uma nova ponte sobre o Tejo?Há quem diga que sim, não é? Uma rede de transportes só funciona quando está completa e quando chega a todo o lado. Uma nova ponte pode permitir tornar a rede mais sólida.Concorda com as manifestações dos professores?Concordo. Acho que, sobretudo, têm direito de as fazer. Não sei se tenho uma visão um bocado parcial do assunto, porque os meus pais são professores, mas concordo. Sempre tive uma visão muito crítica do ensino público e de tudo o resto que está para além da nossa experiência como alunos. Acho também que há uma grande falta de respeito de parte dos alunos, o respeito pela sala de aula acabou por perder-se não sei muito bem por que motivo.E o contrário? Os professores respeitam os alunos?Eu tive professores muito bons e professores muito maus, que não queriam estar ali a ensinar, ou que não sabiam fazer isso. Se calhar, às vezes não me senti respeitada. Às vezes acho que os professores não estão preparados para lidar com muitas das coisas que os alunos agora levam para a sala de aula, como os telemóveis. Nota-se muito a diferença entre gerações, agora mais que tudo.Conseguia viver sem Internet?Depende do que estivesse a fazer (risos). A fazer o que faço agora, não. Imagino que se estivesse a cuidar de plantinhas no meio do nada, se calhar sim. Mas mesmo assim ia ser difícil. Confia nos serviços de saúde da sua região?Confio porque nunca fui maltratada, mas sei que eles não funcionam bem. Vou lá, não sou mal atendida nem mal diagnosticada, mas sinto que as coisas não funcionam da maneira que deveriam ou poderiam funcionar. E nos serviços de socorro?Acho que confio porque também nunca senti na pele alguma situação que corresse mal. Os Bombeiros estão mesmo aqui à porta.
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