Quando a imagem e o vídeo substituem a palavra escrita
José Maçãs de Carvalho é um dos artistas do Museu do Neo-Realismo
José Maças de Carvalho é um dos artistas do Museu do Neo-Realismo de Vila Franca de Xira. Trabalha sobre o vídeo e a fotografia e inspira-se em tudo o que o rodeia, desde a literatura até à produção televisiva.
O artista José Maçãs de Carvalho, autor de uma exposição de arte contemporânea, que inclui vídeo e fotografia, intitulada “The Return of The Real” patente no museu do neo-realismo, em Vila Franca de Xira, até ao próximo dia 6 de Abril, foi o convidado de mais uma sessão temática que se realizou sábado, 8 de Março, no auditório do museu.Durante cerca de duas horas o artista mostrou a cerca de uma dezena de pessoas presentes no auditório centenas de fotografias e diversos vídeos realizados ao longo do seu percurso profissional. Para Maçãs de Carvalho a fotografia e o vídeo têm o poder de transformar a imagem em algo mais do que um reflexo da realidade. “É muito fácil fazer fotografia, toda a gente o faz. O que é mais complicado é conseguir transformar as fotografias numa questão de matéria que acrescente mais alguma coisa à história das imagens e à história do conhecimento é sempre uma tarefa mais difícil”, refere.Natural de Anadia, concelho do distrito de Aveiro, José Maçãs de Carvalho confessou a O MIRANTE que não conhecia a cidade de Vila Franca de Xira e ficou agradavelmente surpreendido com o novo museu. O artista revela que começou a fazer fotografia por via da literatura. A paixão pela leitura levaram-no a escritores como António Lobo Antunes, Gonçalo M. Tavares e António Franco Alexandre. “As influências vêm de todo o lado. Vou buscar inspiração ao real, ao dia-a-dia, à televisão, à literatura, a tudo. Na minha opinião estes autores reflectem muito do real existente, por isso, leio praticamente tudo o que escrevem. A literatura é uma arte muito bela e também muito visual onde a palavra tem uma relação muito forte com a imagem”, afirma.José Maçãs de Carvalho confessa que demorou algum tempo a perceber que a imagem – fotografia e vídeo – poderiam vir a ser as suas áreas de intervenção artística. Segundo o artista o vídeo tem um grande poder interventivo. “Basta que os meus trabalhos mudem apenas um espectador de cada vez para o meu trabalho valer a pena. Se não muda pelo menos transforma, o que é um caminho para a mudança. Existiram muitas formas de arte que transformaram totalmente a minha visão do mundo. Por exemplo, muitas obras de Caravaggio tiveram um papel fundamental e clarificador na minha forma de ver actualmente os mitos do Cristianismo”, explica, adiantando ainda que a imagem pode ser um caminho de entrada para determinadas situações em que a palavra já não é suficiente.
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