Quando o sim do casamento significa dizer não ao desporto
Mulheres abandonam futebol e andebol mais cedo que os homens
Quando uma futebolista ou uma andebolista sobem ao altar para dizer sim a uma vida a dois, normalmente estão a dizer não ao prosseguimento da sua carreira desportiva. E quando diminui o número de praticantes, diminui o número de clubes e a competitividade.
O casamento e a maternidade são as causas apontadas pelas federações de andebol e futebol para a menor competitividade e notoriedade das competições femininas. A estas duas causas há a juntar, muitas vezes, o ensino.O secretário-geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Ângelo Brou, diz que após o casamento e a maternidade as jovens se afastam e que isso provoca “a redução do número de clubes” e a consequente diminuição da competitividade.No mesmo sentido vão as declarações de Henrique Torrinha, vice-presidente da Federação de Andebol de Portugal (FAP). Segundo ele, em Portugal, após a maternidade, as mulheres não voltam a praticar a modalidade. “Eu não conheço nenhuma atleta portuguesa com nível internacional que tenha voltado a praticar depois de ser mãe”, frisa. O vice-presidente da FAP considera que a “maneira de ser portuguesa” faz com que a mulher abandone o andebol “muito cedo”, devido a actividades profissionais “incompatíveis”, justificando: “Não é atractivo fazer uma carreira desportiva e académica em simultâneo porque não há a compensação financeira que há nos campeonatos masculinos. Obviamente, a opção recai sobre a actividade académica em detrimento da desportiva”.Mas nem tudo é negativo. No futsal, Ângelo Brou disse à Agência Lusa que “a partir de 2007, houve um aumento notório de participação feminina”, explicado pelo “esforço das Associações distritais”, pelo “maior número de equipamentos disponíveis e maior facilidade em constituir equipas”.De acordo com o secretário-geral da FPF, está a ser preparado um projecto para “desenvolvimento do futebol feminino”, que deverá envolver os ministérios da Saúde e Educação, associações distritais e municípios, tendo tido já “um acolhimento entusiástico” por parte do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, e do presidente do Instituto do Desporto de Portugal, Luís Sardinha.Ângelo Brou reconhece que “o potencial de crescimento é enorme” no futebol feminino e que seria beneficiado “decididamente” com a adesão dos “grandes” à modalidade.“Um maior número de praticantes e uma maior competitividade melhorariam a prestação das nossas selecções”, concluiu o secretário-geral da FPF.Apesar de reconhecer a “felicidade” de ter os “grandes” nas competições de andebol masculinas, o vice-presidente da FAP recorda que no feminino “já estiveram, foram abandonando porque era muito curta a carreira das atletas” e “porque tinham de ganhar”.Para Henrique Torrinha, a formação deve decorrer “através dos projectos de colégios e escolas”, sublinhando que “faz mais sentido para a mentalidade latina, visível em Portugal, Espanha e França”, em que a formação “deve passar pela escola” e “só depois passar para o clube”.Com 138 equipas femininas inscritas em competições nacionais, nos vários escalões, o vice-presidente da FAP garante que “é, de longe, a primeira modalidade feminina”.No entanto, Henrique Torrinha lamenta que a competição feminina esteja centrada em três pólos no continente - “Temos o Norte, Leiria e o Algarve” - e o “projecto próprio” da Madeira.Mesmo assim, a FAP está a organizar esta época, pela primeira vez, um campeonato de iniciadas, semelhante ao masculino, com “boa qualidade” segundo Henrique Torrinha, referindo que “é cedo para fazer analise concreta e consciente” dos resultados.“A FAP está a semear para tentar colher daqui a oito anos”, frisou o vice-presidente, anunciando a assinatura de protocolos com Desporto Escolar e a promoção da modalidade através de uma série televisiva para adolescentes.A agência Lusa tentou saber a situação na modalidade do basquetebol mas Federação Portuguesa de Basquetebol não forneceu os elementos necessários.
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